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O ditador de Cuba

Aos 90 anos de idade morreu um dos mais autoritários e cruéis ditadores da história. O nome de Fidel Castro ficará indelevelmente ligado ao “Paredon” e às milhares de vítimas que ele mandou fuzilar. Seus opositores e contestadores presos e torturados eram colocados no paredão de fuzilamento. Os que conseguiam fugir da ilha em precárias embarcações, quando não morriam afogados, exilavam-se na Flórida, formando uma outra Cuba no exterior. Sua própria irmã exilou-se em Miami. Por isso, milhares de cubanos exilados bateram panelas e se exultaram com a morte do ditador.

O que leva um povo a se submeter a uma ditadura cruel durante tantas décadas? É que o povo cubano, “adestrado” por duas ditaduras seguidas: 22 anos sob a tutela de Fulgêncio Batista e 57 anos sob a ditadura Castro (49 sob Fidel e 8 sob o Raul), esse povo acabou perdendo a noção do significado da liberdade e, com isso, a capacidade de reagir. Quase que a totalidade do povo cubano jamais conheceu a liberdade de expressão, pois a maioria nasceu e morreu dentro desse período de quase 80 anos das duas ditaduras.

Auxiliado pelo médico argentino de fortes convicções marxistas, Ernesto “Che” Guevara, Fidel, entrincheirado nas montanhas de Sierra Maestra, utilizava-se da guerra de guerrilhas para depor o ditador Fulgêncio Batista, objetivo que conseguiu em 1959, quando entrou triunfalmente em Havana e substituiu a ditadura de Batista pela sua.

Durante os primeiros anos, alinhou-se com a União Soviética, obtendo recursos para a ilha de Cuba. Com a extinção da URSS e o consequente esfacelamento do comunismo, Cuba perdeu os subsídios russos que sustentavam a ilha e experimentou a amargura de uma dificuldade econômica que se acentuou cada vez mais, transformando Cuba numa ilha de fome e miséria, com racionamentos dos produtos mais básicos, inclusive da alimentação. O plano de difundir o marxismo pelas Américas, sonhado por Che Guevara, ruiu, principalmente após a morte do líder argentino/cubano nas selvas da Bolívia pelas mãos de militares bolivianos, segundo suspeitas na época, com a participação estratégica do Fidel, que via em Che Guevara uma ameaça à sua imagem.

Cuba ainda viu uma luz no fim do túnel com a ascensão do lulopetismo no Brasil e a oportunidade não só de tentar o fortalecimento das esquerdas com o famigerado Fórum de São Paulo, mas, sobretudo, com os empréstimos altamente subsidiados do BNDES brasileiro para construção de portos e aeroportos em Cuba, enquanto em nosso país instituições ficavam à míngua de recursos. Com a queda da Dilma, a situação piorou para a pequena ilha do Caribe.

Cuba estava às vésperas de se recuperar com a política de aproximação de Barak Obama. Dezenas de empresas já ensaiavam se estabelecer em Cuba, gerando emprego e renda para a ilha que já foi, no passado, um dos locais paradisíacos da América. Agora, com a ascensão de Donald Trump ao poder, a ilha mergulha em um mar de incertezas. Pode ser que os planos de Barak Obama tenham seguimento, mas, sem dúvida, será exigido para isso a redemocratização de Cuba com eleições livres na ilha.

Não é ético regozijar-se com a morte de alguém, como fizeram os milhares de cubanos nas ruas de Miami, embora há de se considerar as muitas vítimas ou filhos de vítimas que ali estavam e sofreram com a violenta ditadura. Mas é muito mais contrário aos princípios da ética desrespeitar a memória das milhares de vítimas da ditadura de Fidel, manifestando amor e devoção ao “amigo” ditador, como fez o frei Beto em artigo no “O Globo”. Uma estranha manifestação de amor a um ditador sanguinário. E o fez apenas pelo prazer infantil de dizer que o ditador prefaciou o seu último livro. Como se não fosse uma desonra ter um livro prefaciado por Stalin, Hitler ou pelo ditador cubano.  Há momentos em que o silêncio é de ouro, ou mais popularmente como se diz em Minas: “Quem fala muito dá bom dia a cavalo”.

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