Search
Close this search box.

DAS FUTILIDADES DO MUNDO

Adellunar Marge

Há muitos anos…naqueles tempos perdidos na lembrança, enganava-se o povo (como se engana até hoje), com aquela velha história do “direito divino dos reis”. Para se evitar a reclamação popular contra o governante, pregava-se que o rei recebera de Deus o seu direito e poder para governar o seu povo. E o fazia absolutamente sem prestar contas ou dar satisfações a ninguém. Isso durou enquanto durou a paciência do povo e a pressão acabou ensejando a criação de um Parlamento forte e os reis ou rainhas foram se transformando em figuras decorativas.

Mesmo assim as Monarquias foram sendo abolidas gradativamente em todos os Continentes, dando lugar aos regimes republicanos, mais pertinentes ao sistema democrático, em que os governantes disputam o poder pelo voto (embora muitas vezes comprados a dinheiro ou através de favorecimentos políticos). Mas as Monarquias, aqueles sistemas de transmissão hereditária do poder, foram caindo de moda, permanecendo ainda em pouquíssimos países no mundo e quase sempre como Monarquias Parlamentaristas, onde o poder do Rei jamais excede os ditames de um Parlamento. O Rei Farouk, que governou o Egito de 1936 a 1952 com um poder absolutista, disse ao ser deposto pelo General Gamal Abdel Nasser, que no final dos tempos só iriam restar no mundo cinco reis: o rei da Inglaterra e os quatro reis do baralho.

A história vem confirmando isso. As monarquias vão caindo uma a uma dando lugar a sistemas Presidencialistas, com mais ou menos concentração de poder nas mãos do governante, dependendo da Constituição que rege o país. Mas na Inglaterra a realeza permanece e o povo continua cultuando seus reis e rainhas, embora sejam na atualidade apenas figuras decorativas, mantenedoras de lembranças passadas de um poder que já foi absoluto com Henrique VIII e sua filha Elizabeth I, esvaziando-se com o tempo e o amadurecimento das instituições e dos súditos.

O casamento do Príncipe inglês Harry com a atriz americana Meghan Markle, foi mais um espetáculo visual de uma realeza cujos membros gozam de uma profunda admiração do povo inglês. A imprensa, principalmente a dos países do Terceiro Mundo, abandonaram seus noticiários domésticos, esqueceram seus dramas internos e mergulharam de corpo e alma nos festejos do grande enlace matrimonial. Nunca se falou tanto em “etiquetas” que, pelo próprio fato de ser um diminutivo do termo “Ética”, já se pode medir o tamanho da futilidade que representa. Até como se misturar o chá foi falado (É para lá e para cá e não circularmente); o aceno ao povo por membros da realeza há de ser feito com a parte superior do braço colada ao corpo, só a outra metade é que acena. E a “mis-en-scéne” dos cumprimentos aos membros da realeza? São comportamentos que chegam a ser hilários.

É claro que são formas de se tornarem diferentes, substituindo a ausência de um poder real de governo que já possuíram, por certas excentricidades que os notabilizem. Não que isso tenha algum desmerecimento e, muito menos, conseqüências graves nos destinos do mundo. Esses comportamentos não influenciarão em nada na marcha da civilização. Nós brasileiros continuaremos a nossa luta pela moralização do nosso país, colecionando algumas vitórias e algumas decepções. As histórias dos príncipes e princesas que encantaram gerações continuarão sendo contadas. O espírito crítico da população é que faz hoje a diferença.

Futilidades sempre existiram e existirão, pois são criações do homem para embalar seu espírito nos momentos do ócio. Mas se são levadas demais à sério, aí passam a ser ridículas…

Deixe um comentário

Outras Notícias