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CHARLES AZNAVOUR, UM ASTRO ALÉM DO TEMPO

Adellunar Marge

A duração de uma vida neste mundo é um mistério. Alguns “anunciam cedo a hora de partida”, como disse Cartola em “O Mundo é um Moinho” e partem, assim cedo, como se cumprissem uma missão rápida de passar por aqui, registrar a sua breve presença e voltar…não sabemos para onde. Outros, longevos, ficam entre os vivos por longo tempo. Alguns, incomodando as pessoas, talvez até com a missão de “ajudar” seus semelhantes a purgar um pouco dos seus pecados. São o que chamamos de instrumentos de provação.

Ah…mas existem aqueles que marcam a sua presença com ternura e paz interior, embalando os sonhos das pessoas. Assim são os cantores e cantoras que marcaram época, deixando sua marca pela qualidade da suas vozes e a beleza das músicas que interpretavam. Uma dessas pessoas é Charles Aznavour, o eterno ator e cantor romântico francês que, aos noventa e quatro anos de idade, continua cantando o amor como se o tempo não passasse. Com cerca de 80 anos de carreira artística, continua com a voz firme e afinada que sempre o marcou, contagiando uma legião de fãs em todas as partes do mundo. Charles Aznavour é de origem armênia. Seus pais, que emigraram daquele país na primeira década do séc. XX, eram atores de espetáculos itinerantes e iniciaram o pequenino Charles ainda criança no caminho da arte de cantar e representar. Charles Aznavour não teve sempre esse nome. Foi registrado como Shahnour Vaghinagh Aznavourian, um nome armênio e iniciou a sua carreira artística aos nove anos. No último dia 22 de maio completou 94 anos de vida, plena de arte e disposição.

Sua carreira como cantor, compositor e expressão de palco se consolidou quando Edith Piaf o ouviu cantar e o levou consigo para uma turnê pela França e pelos Estados Unidos. Aznavour, a partir de então passou a ser um assíduo freqüentador da concorrida casa de Piaff, que era freqüentada pelas mais ilustres celebridades da música francesa. A partir do contato com Edith Piaff a carreira do cantor iria transformá-lo no maior ícone da música francesa e mundial. O baixinho de 1,60 de altura sempre soube compensar a sua baixa estatura com uma competente presença de palco. Sua voz característica sempre contagiou multidões de fãs. Mas sempre foi também um excelente compositor, sendo de sua autoria mais de oitocentas músicas, entre elas, 150 canções em inglês, inclusive a excelente “She”, 100 canções em italiano, 70 em espanhol e 50 em alemão, idiomas nos quais transita muito bem para a composição de suas músicas. Com um repertório musical assim tão extenso, é difícil não nos lembrarmos de canções como: “Que c’est triste Venise” , “She”, “Hier encore” e “La Bohème”, esta última em que relembra, na letra que compôs, as agruras e os momentos felizes de um casal apaixonado, em seus vinte anos, tentando a fama como pintor (o rapaz) e como modelo (a moça) no emblemático bairro de Montmartre, em Paris. Como um dos mais conhecidos cantores franceses, Aznavour vendeu cerca de 200 milhões de discos em todo o mundo e continua em suas turnês pela França e pelo mundo apesar de aproximar-se dos cem anos.

Ao Brasil já veio várias vezes, apresentando-se em diversas ocasiões no Rio, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte e Recife, sempre com grande afluência de público.

Como homenagem à sua ascendência, o governo da Armênia concedeu-lhe a cidadania armênia e o nomeou há alguns anos, Embaixador daquele país na Suiça.

Se a duração de uma vida é um mistério, que Charles Aznavour, exercitando esse mistério, continue a sua trajetória existencial cantando e encantando a todos com aquela sua voz anasalada e seu modo peculiar de expressar a melodia que canta.

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