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O “gatuno” e a história que eu não gostaria de contar

Já se passaram mais de dez anos que o funcionário dos Correios, Maurício Marinho, ex-chefe do Departamento de Contratação de Material e Administração dos Correios, foi flagrado através de uma gravação de um vídeo, no qual mostrava-o recebendo uma propina de R$ 3.000,00 para permitir uma fraude na licitação da estatal. O vídeo, e também as fotos, todos se lembram, foram amplamente divulgados pelos jornais, telejornais e as principais revistas com muita ênfase.

O vazamento desse vídeo foi a gênese de todo o histórico da corrupção desencadeada e que culminou com as bombásticas denúncias do ex-deputado Roberto Jefferson, em 2005, acusando o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, de ser o chefe de uma quadrilha montada dentro do governo Lula para a compra de apoio de parlamentares e partidos, com o objetivo de votarem a favor de projetos de interesse do governo. Era o famigerado mensalão, nascido a partir de 2005, dentro do governo Lula, e que deu início a uma sucessiva série de escândalos de corrupção no país que se alastrou pelas principais estatais brasileiras, chegando bem no seio da maior delas, a Petrobras.

Até a entrada do Ministério Público e da Polícia Federal nas investigações, todas as CPIs criadas para investigar os esquemas montados pelo sistema lulopetista foram abortadas pela tropa de choque, especialmente montada para impedir o avanço de qualquer tipo de investigação. Assim, as CPIs dos Correios, dos Bingos e até as da Petrobras terminaram na famosa “pizza”, ou seja, não chegaram à conclusão nenhuma, não indiciaram ninguém de importância e não encontraram nada de anormal. O castelo lulopetista só começou a ruir após as primeiras condenações dos principais figurões políticos do governo Lula pelo Supremo Tribunal Federal, que teve como relator o impecável ministro Joaquim Barbosa, num processo que durou mais de cinco anos para ser concluído.

Com a entrada em cena da Polícia Federal, do Ministério Público e, principalmente, do juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, descobriu-se que todas as grandes estatais brasileiras, inclusive a maior delas, a Petrobras, foram alvos de assaltos gigantescos para beneficiar diretores, políticos e partidos governistas através financiamentos de campanha e pagamento de propinas, num esquema montado com as maiores empreiteiras de construção de obras do governo.

Somente com as investigações da Operação Lava-Jato é que foi possível chegar ao cerne da corrupção no país, com a participação de políticos importantes, sendo que alguns já foram condenados e outros encontram-se sob investigação e vigilância constante da PF e do Ministério Público, que continuam o seu trabalho de forma exemplar. É importante frisar que as investigações ainda estão longe de terminar, e com certeza, elas vão começar a passar o Brasil a limpo. Na semana passada, por exemplo, eles prenderam mais um ex-ministro de Lula e Dilma, Paulo Bernardo, marido da senadora petista Gleisi Hoffmann, acusado de desviar, pasmem, cerca de R$ 100 milhões, fraudados do sistema de créditos consignados. As vítimas de mais essa fraude são mais de 500 mil funcionários públicos, sócios dos fundos de pensão da Petrobras, Correios e da Caixa Econômica Federal. Vários outros negócios suspeitos dilaceraram os patrimônios da Petros, Funcef e Postalis, empresas de fundo de pensão das estatais, que acumulam um déficit de mais de R$ 33 bilhões – lembrando que parte desta conta será paga, obviamente, pela sociedade, através de aportes extras.

O que impressiona, na verdade, é o volume e o tamanho das cifras anunciadas como desvios utilizados para encher os bolsos de corruptos e engordar os caixas de partidos que querem, a todo custo, continuar mandando no país. Só se fala em milhões e bilhões de reais roubados das empresas estatais e, por via de consequência, de todos os brasileiros.

Sinceramente, considerando os valores que estão sendo anunciados como descoberta de desvios, assaltos e roubos de estatais, certamente, aquele “gatuno” diretor dos Correios que embolsou R$ 3.000,00 de propina para facilitar uma licitação, o tal Maurício Marinho, deve estar hoje se sentindo humilhado e envergonhado por ter sido preso por ter roubado tão pouco.

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