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A VIDA COMO UMA BICICLETA

Adellunar Marge

A análise e a tentativa de entendimento da vida sempre foi uma preocupação dos seres humanos. Filósofos, poetas, teólogos, cientistas ou qualquer pessoa do senso comum sempre procuraram decifrar o enigma da existência. Einstein disse certa vez em uma entrevista que a vida é um mistério. Os poetas e os escritores, principalmente, sempre usaram o artifício da metáfora para abordarem o misterioso enigma da existência.

A palavra metáfora surge de dois elementos gregos que a compõem: “Metá”, que significa sobre e “pherein”, que significa transporte, mudança. Em literatura, podemos dizer “transporte ou mudança de sentido próprio em sentido figurado. Justamente neste sentido o escritor espanhol Javier Vidal-Quadras traça um paralelo entre a existência humana e uma bicicleta, em sua obra “Um paseo em bicicleta por la vida”. Javier Vidal-Quadras Trias de Bes, nascido em Barcelona em 1961, estabelece nesse livro uma metáfora da vida, utilizando a bicicleta. A comparação da bicicleta com a vida não é um recurso novo na abordagem da existência.

Albert Einstein, o renomado físico autor da “Teoria da Relatividade”, afirmava que “a vida é como uma bicicleta. Para manter o equilíbrio temos que seguir pedalando. Na vida a nossa opção é pedalar ou…pedalar”.

H.G.Wells se referia à bicicleta com uma maneira afetuosa, dizendo que a contemplação de uma pessoa andando de bicicleta devolvia a ele a esperança de um mundo melhor, pois o remetia à lembrança da infância e de toda a inocência que a caracteriza.

Helen Keller disse certa vez que vencer a intolerância requer do nosso cérebro o mesmo esforço para nos manter equilibrados sobre uma bicicleta.

Dolors Massot é jornalista e professora universitária, Doutora pela Universidade Autônoma de Barcelona, Especialista em Cultura e Moda e já assessorou empresas como a Prada, Carolina Herrera, Nina Ricci, Paco Rabanne e Nissan. Segundo Dolors, que analisa a citada obra de Vidal-Quadras, não poderíamos dizer que o filósofo macedônio Aristóteles tivesse comparado a existência com a bicicleta, pois esta ainda não existia em sua época, sendo uma invenção do séc. XVIII, mas o estagirita disse alguma coisa semelhante, quando se referiu às Bigas, aqueles carros de combate puxados por cavalos, afirmando que os cavaleiros sujeitavam os cavalos às rédeas, decidindo a velocidade e a direção desejadas, do mesmo modo como dominamos as paixões, os sentimentos, a inteligência e a vontade. Tal como o ciclista para o escritor espanhol.

Para Javier Vidal-Quadras, o guidão de uma bicicleta equivale à inteligência, orientando a trajetória, o destino do percurso, o que representa o meu interesse e o que gosto de fazer; As rodas poderiam ser comparadas ao sentimento e simbolizam o movimento, a dinâmica da vida com suas subidas e descidas, a capacidade de adequação ao que vamos encontrando na trajetória existencial, mercê dos obstáculos desviados, como se fora uma resposta a cada mudança de planos. Os pedais, esses são a vontade humana, o que dá impulso à vida, aquilo que nos faz ir sempre adiante e nos permite transformar em realidade o que a inteligência contempla no horizonte da idealização. Os pedais seriam mesmo a decisão de chegar ao destino. Sem o exercício dessa vontade nossa existência se resumiria, no máximo, às boas intenções, apenas e ficaríamos estáticos em termos existenciais.

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