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A retórica falida

Caio Túlio Cícero, um dos maiores advogados e oradores romanos, disse certa vez que “não é importante que a razão esteja do seu lado, o importante é que você tenha uma retórica e uma oratória tais que façam parecer que a razão está do seu lado”. Muitos advogados têm usado desse artifício no exercício da sua profissão e muitos conseguem atingir o seu objetivo.

O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, bem que tentou esse artifício ao defender a Dilma do impeachment, na Câmara Federal. Mas ele não é um Cícero e está muito longe de sê-lo. Não teve nem retórica nem oratória suficientes para tentar enfiar, goela abaixo, o fraquíssimo argumento em favor da Dilma.

José Eduardo Cardozo formou-se em Direito na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e fez o seu nome, quando vereador do município de São Paulo, trabalhando pelo impeachment do prefeito Celso Pita (o que não conseguiu) e depois como presidente da CPI da máfia dos fiscais, que resultou na cassação de mandato de três parlamentares. Acumula muitas incoerências, como por exemplo: sempre foi favorável ao desarmamento da população e contra a redução da maioridade penal, mas para a proteção da sua família e a sua própria, conta com uma escolta da Polícia Federal paga, é claro, pelos cofres públicos.

Mas o máximo foi a sua representação histriônica na Câmara Federal, para fazer a defesa do indefensável, que é o mandato da Dilma. Primeiro afirmou que não poderiam constar do processo fatos anteriores a 2015, como se os abusos da máquina administrativa para vencer as eleições não fossem crimes e não se constituíssem como estelionato eleitoral. Depois teve a ousadia e a insensatez de dizer que nos episódios das “pedaladas”, a Dilma assinou depois que a equipe técnica do governo aprovou e que, por isso, não podia ser responsabilizada. Ela agiu de boa fé, gente…! Depois, o advogado da União disse que o pedido de impeachment “foi um ato de vingança do Presidente da Câmara, Eduardo Cunha”. Ora, ora, o Dr. Cardozo ignora o clamor popular de mais de 6 milhões de pessoas que foram às ruas em todo o país pedindo o impeachment da presidente Dilma e a investigação sobre as maracutaias do Lula e do lulopetismo.

O povo exige o prosseguimento das investigações do juiz Sérgio Moro e a prisão de todos os envolvidos, sejam de quais partidos forem. Essa é a hora de iniciarmos a moralização das nossas instituições e passarmos a limpo o nosso Brasil. Somos hoje uma vergonha internacional por culpa de uma gang que se instalou tanto no poder político como no poder econômico. Corruptos e corruptores compondo a “Sinfonia da Imoralidade”, enquanto a população amarga em filas de hospitais, a educação perde os últimos resquícios de qualidade, o desemprego atinge quase dez milhões de pessoas, a recessão se acentua e a inflação corrói os salários.

Eu não queria ter necessidade de escrever sobre esses assuntos. Queria continuar escrevendo as minhas crônicas sobre temas que afagassem a alma das pessoas. Mas em um momento desses, não podemos deixar de empunhar a bandeira da moralidade.

Mas, honestamente, eu me sinto mal em escrever sobre todas essas bandalheiras que enlameiam o nosso país. E sabe o que mais dói? É perceber que, saindo a Dilma, o vice Michel Temer também tem acusações contra ele e que serão, por certo, apuradas, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, também tem culpas no cartório e o presidente do Senado, o senhor Renan  Calheiros, também. Será que saindo essa turma vamos ter que importar alguém de outro país para dirigir o nosso Brasil…?

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