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UM PAÍS NO FUNDO DA FOSSA

Adellunar Marge

É muito difícil imaginar como um país como o Brasil, de dimensões continentais, contemplado com imensas áreas agricultáveis e habitado por um povo que está muito longe de ser um povo desprovido de inteligência, esteja mergulhado no fundo dessa imensa fossa de corrupção e imoralidade.

Leandro Karnal disse, e acertadamente, que não podemos ter políticos éticos se não tivermos um povo ético, pois é justamente do povo que saem os políticos.

Mas a anarquia institucional e comportamental parece ter se transformado em um modo de ser nosso. Acabamos por nos acostumar com os pequenos e os grandes deslizes de consciência e os poucos que não se acostumam parecem ser vozes solitárias e impotentes nesse mar de lama.

A corrupção, até para se manter, gera e alia-se à violência. Não se diferencia mais o político, o empresário ou o dirigente de Estatal corruptos, do bandido comum que lidera um poder paralelo. Todos eles fazem parte de uma grande orquestra do mal.

Aí surgem grupos, embora minoritários, para defenderem corruptos condenados, tentando levar um caso de roubo comum para o terreno da ideologia. O Lula, vaiado e hostilizado nos Estados do sul do país na semana que passou teve a ousadia de dizer que deverá ser o “primeiro preso político do século XXI”. Ora, ele não foi condenado por crime político, mas por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. E além do mais, aquilo que as poucas consciências éticas brasileiras desejam não é a demonização de um partido ou de uma linha política específica. O que se deseja é a punição de todos os corruptos, sejam de PT, do PMDB, PP, PSDB, DEM, PTB, PCdoB e todos os Pês.

Mas ao que assistimos? Um judiciário moroso, um sistema legal extremamente suave em relação aos criminosos e um radicalismo político de todos os lados. Esquerda, Direita e Centro preocupam-se apenas em defender os políticos da sua filiação partidária como se isso pudesse tirar o país da fossa em que se meteu. Que bom seria para o país se todos, independentes de siglas políticas, lutassem por um objetivo comum, que é punir exemplarmente os corruptos e corruptores, de quaisquer filiações partidárias.

Mas a formação de um povo ético vem de berço. A corrupção começa nos pequenos atos. Naquela fruta que a criança pegou no quintal do vizinho e os pais não o corrigiram, na prática da “cola” em uma sala de aula, na tentativa de corromper um guarda de trânsito para não ser multado, no descumprimento da lei quando ninguém está vendo, na sonegação fiscal, no ato de roubar no peso ou na medida, na simulação de uma falta para “cavar” um penalty . Ou seja, no velho e corrupto hábito de levar vantagem em tudo. Nisso, o nosso país vem se destacando nos últimos anos. A cada dia a mídia mostra mais e mais rombos morais em nosso país.

Nenhuma instituição escapa ilesa do poderoso e contagiante vírus da corrupção. Legislativo, Executivo, Judiciário, Empresários de todos os tamanhos, Dirigentes de Estatais ou o cidadão comum. Se a droga ou o álcool destrói o corpo, a corrupção destrói a alma, pois é um vício moral.

Na última semana, por ordem do MP de Goiás, a Polícia Federal prendeu o Bispo de Formosa, quatro Padres, um Monsenhor e vários funcionários administrativos por desvio de mais de dois milhões de reais provenientes de dízimos, arrecadações de festas paroquiais, taxas de batismo, casamentos, etc.  Parece que não existe lugar onde o vírus da corrupção não entre. Mas existe sim…! A velha e boa educação familiar é capaz de formar uma população ética, que por sua vez será capaz de gerar políticos, empresários e dirigentes éticos. Ainda resta muita gente moralmente íntegra fora da fossa para dar a esperança de um país novo.

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