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O MECANISMO (Uma radiografia da corrupção no Brasil)

Adellunar Marge

O cineasta José Padilha já demonstrou o seu talento em diversos trabalhos realizados, contribuindo para elevar o nível da produção cinematográfica brasileira, notabilizando-se, tanto em nosso país como no exterior com filmes como “Tropa se Elite” e “Narcos”. Mas um dos seus melhores trabalhos foi, sem dúvida alguma, a série, em oito capítulos, denominada “O Mecanismo”, que narra com precisão e muita competência, a “Operação Lava Jato”, a maior operação anti-corrupção já ocorrida em nosso país e talvez no mundo e que devassou os porões corrompidos do Poder em nosso país e propiciou a instauração de processos e a condenação de diversos corruptos e corruptores, incluindo o ex-Presidente Lula, o Marcelo Odebretch, o José Dirceu, o Maluf, o ex-Governador Sérgio Cabral e centenas de outros implicados no grandioso esquema.

A Série, que está sendo exibida pela Netflix, apesar de empregar nomes fictícios, retrata com fidelidade o gigantesco esquema  que provocou um rombo na Petrobrás de cerca de seis bilhões e oitocentos milhões de reais e em outras Estatais, o que é muito maior do que o PIB da maioria dos países do mundo. Segundo o Ministro Gilmar Mendes, em declaração que circula pelas redes sociais, se um terço disso, que seriam dois bilhões, ficou para o Partido, eles têm dinheiro para custear eleições até o ano de 2038. A eleição de Dilma, por exemplo, custou ao Partido 350 milhões de reais. É um processo que o Ministro chama apropriadamente de Cleptocracia.

A chamada “esquerda brasileira” lançou críticas pesadas sobre a série, por um motivo óbvio: a maioria esmagadora dos envolvidos no processo de corrupção são da esquerda e quando não o são, como no caso de integrantes do PSDB, PP e outros,  foram gestados no ventre da esquerda, o que chamamos de “ovos da serpente”.

É claro que o cerne da crítica da esquerda está no fato de os personagens principais da Série terem sido inspirados nos ex-Presidentes: Dilma e Lula. A própria Dilma afirmou em redes sociais que “Padilha incorre na distorção da realidade e na propagação da mentira para atacá-la e ao Lula”. Padilha reagiu às críticas dizendo que “a Série defende a ideia de que a corrupção no Brasil não é algo que acontece uma vez ou outra, pois ela é a lógica do sistema político brasileiro, nos Municípios, nos Estados e no Governo Federal, ocorrendo em todos os governos, sejam do PSDB, PMDB ou PT…”

Para Padilha, aqueles que discordam do modo como os fatos foram apresentados, não entendem que a série “é um trabalho de dramatização e querer discutir esse fato sem compreender isso “é como se o sujeito entrasse em sua casa, estuprasse sua esposa, amarrasse seu filho, roubasse um isqueiro. A esquerda quer discutir o isqueiro, porque se ela olhar para o macro, para o que aconteceu, não vai ter o que falar” .

É uma pena que a série ainda esteja restrita aos assinantes da Netflix. Deveria ser exibida pelos canais abertos para o acesso de toda população, pois é uma obra de excelente qualidade, oportuna e representada por ótimos atores.

O tema é do conhecimento de toda a população brasileira e de todo o mundo, pois aborda fatos do conhecimento geral e seu valor transcende o campo da arte cinematográfica e se transforma em um instrumento pedagógico de formação e informação social.

Selton Mello, Carol Abras, Henrique Diaz, Suzana Ribeiro e Jonathan Haagensen, entre outros esbanjam talento na representação dos personagens, alem, é claro, da competente Direção de José Padilha.

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