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Um ano para se esquecer

O ano que se encerra foi um ano para não deixar saudades. Até mesmo o próximo 2016, marcado para nascer dentro de alguns dias, já nascerá com defeitos congênitos herdados deste já quase finado 2015.

Dois mil e quinze foi o ano do desvelamento definitivo dos grandes tumores nacionais. Nenhuma das instituições de poder deste nosso imenso Brasil ficou livre do contágio da fantástica malha de corrupção que ultrapassou as nossas fronteiras e escandalizou o mundo. E olhem que ainda não abriram a caixa preta de muitos outros órgãos que guardam segredos inconfessáveis.

Foi um ano terrível, um ano em que se sacralizou a figura do delator como herói nacional. O “Delator Premiado”. Na euforia de escutar as delações, o Brasil quase se esqueceu da participação ativa e ostensiva desses corruptos na sangria dos recursos nacionais.

Em tempos idos, a figura do delator era execrada e fazia parte do rol daquelas palavras malditas que denegriam a imagem das pessoas. Judas foi o primeiro delator de grande expressão, mas outros se seguiram, como Silvério dos Reis, dedurando os inconfidentes da nossa Conjuração Mineira. Marat, por sua delação no período de terror da Revolução Francesa, levou Lavoisier à guilhotina, privando o mundo de um dos seus maiores cientistas. Durante o nosso regime militar surgiram levas de delatores dedurando os “companheiros” ao pessoal do DOI-CODI.

Mas hoje, delator é figura ilustre e, a troco da devolução de apenas parte do que abocanhou, dedura os “ex-companheiros” com o pomposo benefício da “delação premiada”. O ano de 2015 ficará na história como o ano dos grandes “delatores premiados”. Judas, com as suas 30 moedinhas, seria “fichinha” perto dos delatores premiados deste ano que se encerra.

Além do enorme volume de “tutu” que ainda devem ter escondido para garantir o futuro, ainda vão ter o benefício de passar o Natal e o Ano-Novo em família. É claro que estarão usando aquelas “pulseirinhas eletrônicas” no tornozelo. Nada que uma bainha mais baixa na calça não esconda. De vez em quando, ao se sentar, dará uma cruzadinha de perna para ostentar vaidosamente a “pulseirinha”, como se dissesse: “Roubei sim, milhões de reais, sou pós-graduado em maracutaia em meu partido, mas sou delator premiado”.

Que me desculpem os leitores se, nesta última crônica do ano, deixo a impressão de um pessimismo exagerado e se não expresso apenas aqueles tradicionais votos de um feliz Natal e um próspero Ano-Novo. Faço esses votos sim, mas com a visão clara da realidade que vivemos e da necessidade de mudanças profundas em nosso país, mudanças que dependem da nossa vontade e do exercício livre da nossa consciência.

Mas, se sentem-se melhor… Um feliz Natal e um próspero Ano-Novo para todos…!

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