Francisco Laviola – 29/05/2018

Nunca antes na história deste país, como diria o Luiz Inácio, houve um movimento de uma categoria de profissionais que mexesse tanto com a população, como está ocorrendo com a greve dos caminhoneiros nestes dias.

Não há ronco de ruas, não há panelaços, pisca-pisca de luzes em prédios, nem ações de vandalismos. Hoje, os que protestam são os profissionais das estradas, que simplesmente desligaram os seus instrumentos de trabalho, cruzaram os braços e mandaram o seu recado: Se vira Brasil, se for capaz! Perplexos com a descoberta da própria impotência, diante do iminente desabastecimento das prateleiras e da realidade nos postos de combustíveis, os brasileiros começam a perguntar: Quanto vale um frete? Quanto vale o trabalho de um caminhoneiro? Quanto vale o trabalho feito por essa categoria de trabalhadores sofridos, que vestem no seu dia a dia a camiseta suada, a bermuda surrada e o velho chinelo nos pés?

Descobrimos agora que o “Gigante” pela própria natureza simplesmente tomba de vez, se os caminhoneiros não voltarem imediatamente às suas rotinas de trabalho.

Se plagiássemos o Raul Seixas, na letra da música de sua autoria, “O dia em que Terra Parou”, não seria nenhum exagero. Mas se exagerarmos um pouquinho, ficaria mais ou menos assim: O doutor não foi ao hospital, porque sem combustível o paciente não chegou lá; o professor não foi à escola, porque o aluno não estava lá; o juiz não julgou, porque o réu não chegou lá; a dona de casa não foi ao mercado, porque lá não tinha o que comprar; e ninguém desfilou nos seus carrões, porque sem combustível eles não podiam andar; e, para completar, os ricaços não viajaram pro Caribe, porque os aviões não tiveram como voar.

Isto não seria um sonho de um sonhador, como escreveu o “Maluco Beleza”, mas um pesadelo que, se não tiver logo um fim, pode custar muito caro a todos os brasileiros.

Com um governo engolido pelo sistema e pela corrupção, com um Legislativo desmoralizado e com um Judiciário que não se entende, o que sobra de bom é tão somente a força e a garra desses brasileiros, hoje representados pelos caminhoneiros.

E você leitor amigo? Já descobriu quanto vale um frete?