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Polícia Militar fala sobre violência em Muriaé e região

Após inúmeras ocorrências e divulgações de crimes trágicos em Muriaé e região, o capitão Sandro Josefino, comandante da 76ª Companhia do 47º Batalhão da Polícia Militar, responsável pelo policiamento ostensivo nas ruas, conversou com o jornal A Notícia sobre o assunto.

AN: A que se deve essa onda de violência que tem assustado a população? Relembrando, principalmente, do caso que houve recentemente em Santa Margaria, em que ocorreu uma barbárie?

Cap. Sandro: Acredito que essa violência é fruto da ineficácia das leis brasileiras e, também, em relação aos votos da população, infelizmente. O brasileiro parece não ter sido educado para votar. Não existe uma visão coletiva, que vise o favorecimento de toda a sociedade. O brasileiro, pensando em apenas benefícios próprios, acaba votando em pessoas que, igualmente, pensam nelas mesmas e esta é uma questão grave, pois todos nós saímos perdendo. Esse pensamento não é evoluído, em países de primeiro mundo existe o pensamento no bem-estar do todo, de toda a nação. É lógico que não podemos generalizar. O povo acaba pagando um preço alto por isso por promessas que não se cumprem. Felizmente, não são todos, mas existe uma parcela de políticos que assim como alguns cidadãos, contribuem para a inversão de valores que estamos presenciando atualmente nas ruas.

Se continuarmos a pensar somente em nós mesmos, e não na sociedade como um todo, não teremos qualidade de vida em diversos aspectos. Assim, a vida do crime torna-se um convite para muitos de nossos jovens.

Os bandidos acabam se beneficiando com a fragilidade das leis e pessoas de bem acabam pagando um preço alto. As leis são frágeis e causam uma sensação de impunidade aos bandidos. Quando um policial mata um bandido, mesmo que em legítima defesa ou em defesa de outras pessoas, ele é criticado pela mídia. Assim, há uma inversão de valores. Nossos jovens e crianças ficam vendo, pelos canais de comunicação, pessoas enriquecendo por meio de atitudes erradas, o que é perigoso. É preciso ter senso crítico.

 

AN: Sobre as “saidinhas de banco” que têm sido uma prática de crime muito comum na região. A Polícia Militar tem algum conselho para a população a respeito?

Cap. Sandro: A PM faz um trabalho de divulgação na mídia para alertar a população sobre essas ações praticadas pelos assaltantes. Infelizmente, grande maioria parece não dar a atenção devida. O povo parece “pagar para ver”: saem distraídos do banco, com dinheiro na mão, que atrai os olhares dos bandidos. O mesmo acontece com adolescentes distraídos que andam por ruas desertas, com o celular na mão.

Sempre usamos as ferramentas necessárias para fazer os alertas e, mesmo assim, a população acha que nada vai acontecer. Infelizmente é muito comum ver cenas desse tipo acontecendo em Muriaé. Nossa cidade está longe de ser um grande centro, como Belo Horizonte ou Rio de Janeiro, mas é preciso tomar cuidado. As pessoas ainda não perceberam que Muriaé cresceu e não se encontra hoje o mesmo cenário de 10 ou 20 anos atrás. Elas não acreditam que vão ser vítimas. Até que o contrário acontece.

Em 2013, fizemos um grande trabalho em Muriaé. De prevenção, em conjunto com a comunidade, com denúncias anônimas. Conseguimos recuperar os materiais que eram retirados das vítimas. Nós queremos continuar com esse trabalho e diminuir o prejuízo da população, mas, infelizmente, não temos recebido tantas denúncias, seja de roubo, tráfico de drogas ou ações suspeitas. As pessoas não precisam ter medo, temos que trabalhar em conjunto com a população para diminuir os índices de violência.

AN: Você pode nos passar algum número de crimes que tem acontecido? É possível saber se houve algum aumento ou diminuição?

Cap. Sandro: Infelizmente, ocorreu um aumento nos crimes em 2017 se comparado com o ano passado. Isso se deve à questão da diminuição do nosso efetivo. São policiais reformados, policiais que foram para outras cidades para fazer cursos, além daqueles que ficam doentes. Tudo isso contribui, negativamente, em relação à segurança pública. São imprevistos que diminuem o poder de nossas respostas no combate ao crime, mas não podemos deixar de lembrar da população que não age com cautela, como já citamos anteriormente.

São pessoas carregando celulares e equipamentos de valor nos bolsos. Nós tentamos fazer o trabalho de prevenção, mas se a polícia não está por perto. O bandido aproveita a oportunidade e o descuido das pessoas para entrar agir. É importante ter medidas de autoproteção.

 

AN: A Polícia Militar tem alguma reivindicação a fazer ou enfrenta alguma dificuldade?

Cap. Sandro: É realmente difícil combater o crime, mas isso se deve muito à reincidência do criminoso. O criminoso vai para a cadeia, sai de lá e comete mais crimes. Ele estando preso, teoricamente, deveria ser feito um trabalho para que pudesse mudar de vida, mas o bandido sai da cadeia ainda pior.

Lembro-me de uma ocorrência, aqui em Muriaé, em que um menor de idade foi apreendido oito vezes em um intervalo de 8 horas. Ou seja, a cada hora, ele cometeu um delito. Para o menor de idade, a situação é ainda mais crítica, a não existe lei simplesmente parece não existir.

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