“Mineiros, o primeiro compromisso de Minas é com a liberdade. Quando ainda não havia caminhos e cidades nestas montanhas, os pioneiros, descortinando o alto horizonte, sentiram que nelas não havia pouso para os tiranos, nem chão para as quimeras totalitárias. Minas nasceu da luta para a liberdade. (Tancredo Neves, ao tomar posse no governo de Minas)

Quando Tancredo Neves assumiu o governo de Minas, ele iniciou o seu discurso de posse exaltando o povo de nossa terra. Lembrou ainda a história de nosso estado, com destaque para os grandes personagens da política mineira, os presidentes da história da República que Minas gerou, e os históricos ideais de liberdade que aqui foram construídos. Ao longo da história, Minas nunca deixou de estar na vanguarda da política nacional, e sendo o segundo maior colégio eleitoral do país, nenhum candidato que se presa, pode ignorar o potencial de nosso estado e a força política de nosso povo.

E quando Tancredo fez aquela exaltação à história de Minas e ao seu povo, jamais poderia prever que sairia do seio de sua família a grande nódoa para manchar as tradições e os ideais dos mineiros.

A história que Aécio Neves tentou escrever como mais um mineiro na política nacional nada tem a ver com os ideais de liberdade, de honestidade e de honradez, princípios tão cultivados durante a longa vida política de seu avô. Ao ser flagrado pedindo dinheiro de propina, que o fez tornar-se mais um réu a ser processado e julgado pelo Supremo Tribunal Federal, ele, sem dúvida, joga por terra toda uma tradição de lutas pela liberdade que nasceu com os célebres Inconfidentes, liderados por Tiradentes, e cresceu pelas mãos dos grandes homens que passaram e honraram a nossa história.

A partir desta desconstrução provocada por Aécio Neves, fica um grande vazio na história de Minas, porque não se vislumbra ninguém no nosso estado com  capacidade e prestígio que possa chegar aos pés dos grandes mineiros que ajudaram construir a nossa República. Todo esse imbróglio envolvendo o senador mineiro causa decepção, mas como já escrevi em outro artigo, pau que dá em Zé, dá em Bastião (Francisco fica fora disso). Se Lula e seus asseclas estão presos ou respondendo a processos por corrupção, Aécio e todos os outros personagens dos demais partidos que estão envolvidos nessa máfia política, considerada ante-republicana, têm que pagar pelos seus atos corruptos, doa a quem doer.

Se isso serve de consolo, sobra para nós brasileiros, a ideia de que, daqui para frente, quem ousar manchar a nossa história com a sua falta de caráter e de honradez, vai ter que prestar contas à Justiça e se submeter aos rigores da lei. Ninguém está acima da lei. E Minas, por certo, vai se reconstruir através da força do trabalho dos mineiros. Não será um playboy na política, ainda que neto de Tancredo, que irá colocar em risco os ideais de liberdade que sempre pautaram a nossa história na luta de prevalência da democracia.

Além disso, de forma interpretativa, como bem diz o Hino, quem conhece Minas, suas tradições e suas glórias, não a esquece jamais.