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O sentido da política

A política foi, a princípio, uma das mais ousadas e louváveis tentativas do homem para equacionar os conturbados problemas da convivência em sociedade. Seu embasamento teórico surgiu na Grécia antiga, onde os primeiros filósofos, diferentemente das civilizações anteriores, procuravam se libertar do cunho religioso e fundar um pensamento que tivesse o homem como elemento principal.

As cidades eram a “Polis”, cidades-estados que abrangiam o centro urbano e o vasto território que as circundavam, e o cidadão era o “politês”, ou homem da Polis.

A política, enquanto ciência, deveria ser um instrumento de solução para a difícil convivência em uma comunidade de humanos, com pensamentos e interesses tão individuais, mas com a extrema necessidade de viver em grupo. Mas a política jamais conseguiu atingir esse objetivo. A ambição pelo poder e o mau uso dos cargos e funções públicas desfiguraram a política através dos séculos. O instrumento das eleições livres para a escolha dos governantes e legisladores acabou não se mostrando satisfatório, pois os eleitos eram e continuam sendo o reflexo da população que os elegeu. Como disse certa vez um senador: “O político é a cara do povo que o fez político”.

Os políticos, em sua maioria, jamais tiveram a intenção de mudar esse quadro, pois interessa-lhes manter  o povo como “massa de manobra”. A democracia tão sonhada e apregoada maquiou-se com as mazelas dos homens e se transformou em demagogia ou estelionato eleitoral.

No Brasil não foi diferente. Herdamos dos nossos colonizadores diversas qualidades, mas também diversos vícios, entre eles, o vício do messianismo. O povo, amesquinhado em suas necessidades, busca encontrar na figura do político, não o administrador competente e moralmente íntegro, mas busca o “Messias salvador”, o governante paternalista que possa promover a sua felicidade.

Getúlio, Jânio e Lula foram exemplos clássicos de populistas, “messias salvadores” capazes de promover a felicidade do rebanho. Hoje, mergulhado em uma profunda crise econômica, financeira e essencialmente ética após o trágico período do lulopetismo, o país amarga as más escolhas e reclama dos amargos remédios necessários para que o Brasil retome o desenvolvimento e afaste o fantasma do desemprego que cresce a cada dia. Mas não é fácil extirpar um mal já em fase de metástase por todo o corpo institucional de um Estado, ainda que vivamos sob a égide de uma democracia.

Ainda vai demorar muito para que amadureçamos politicamente e possamos usar parâmetros melhores para a escolha dos nossos candidatos. Não a escolha baseada em interesses individuais, mas a que leve em conta os interesses coletivos. Quando chegarmos a esse nível, colocaremos pessoas melhores no poder, pessoas que, mesmo não sendo perfeitas, possam levar o nosso país a um destino melhor e promover, não a felicidade do povo, mas oferecer as condições para que cada um possa construir a sua própria condição de bem-estar na comunidade onde vive.

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