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A política e uma conversa com um amigo

Francisco Laviola -21/03/2018

Temos acompanhado com muito interesse esta fase ruim que o Brasil está passando, até porque, todas as questões que envolvem as diversidades da política e da economia nos dias atuais, encontram-se estampadas em todos os meios de comunicação.

Como um bom brasileiro, acho impossível ficar alheio aos acontecimentos. Tomar partido, ser um elemento ativo, procurar formar opinião é, sem dúvida, um dever daqueles que têm uma consciência mais politizada e que se preocupam com o futuro do seu município, do seu estado e, principalmente, com o futuro do país. Há uma necessidade premente de uma transformação radical para alterar essa lógica perversa que campeia pelo Brasil afora. E essa transformação só poderá ser feita se ela for plantada e germinada a partir da base da pirâmide que compõe a sociedade brasileira. Esta é uma convicção minha.

Há alguns dias, conversando informalmente com um amigo do meio político aqui da nossa cidade, critiquei a forma e o modelo de se fazer política no país. Desvirtuaram a política de coalizão que passou a ser de cooptação. Apesar dos acontecimentos desagradáveis, os quais todos somos testemunhas oculares, disse a ele que, ainda assim, acreditava nas instituições, principalmente na Justiça, apesar da morosidade e da burocracia mantidas em função do cipoal de leis que emperram os processos. Concordamos em alguns pontos, discordamos de outros, principalmente porque ele é um “lulista” apaixonado. Mas ele me confidenciou: “Infelizmente, com as alianças, o PT perdeu a sua identidade”.

Durante a conversa, me lembrei de um pronunciamento do ex-presidente Lula quando ele ainda era presidente. Disse ele: “Quando eu deixar a presidência, vou continuar morando no mesmo apartamento, na mesma distância do sindicato que me projetou na política. O que vai mais me dar orgulho é que vou poder acordar de manhã e olhar para qualquer trabalhador e dizer a ele: Bom dia companheiro”. Depois da sua condenação no caso do tríplex não se sabe se ele realmente está com toda essa confiança para sair por aí saudando o povo. Talvez o faça para tentar dar mostras de que não teme ser preso e criar um clima de eterno perseguido da Justiça, que é uma das artimanhas que ele sabe fazer como ninguém.

Lembrei também dos debates da última eleição para presidente da República, quando de um lado tinha o tucano Aécio Neves e do outro a ex-presidente Dilma. As acusações de um contra o outro era um dos pontos do debate que mostravam as sujeiras de um e de outro sendo jogadas no ventilador. Encolhido no seu canto ou por baixo dos panos, sei lá, encontrava-se Michel Temer, que mais parecia um coadjuvante sem expressão. Quando ele deu “as caras” para o distinto público ao assumir o governo, mandou buscar uma mala de dinheiro considerada fruto de propina que ainda não foi explicada. E assim foi caminhando a política brasileira até chegar aos dias de hoje, com os políticos absolutamente sem moral para pedir ao eleitor aquilo que é mais sagrado dentro da democracia: o voto.  Ainda assim, muitos deles iguais aos que citei vão estar por aí nas próximas eleições buscando novo espaço.

Depois de muita conversa sobre as trapaças, corrupção e as maracutaias, o meu amigo lulista, que é um evangélico fervoroso, foi embora, não sem antes de expressar a sua decepção com os políticos e a política. Disse ele: “É amigo, mundo está perdido. Se todos obedecessem o princípio bíblico que diz: amarás o teu irmão como a ti mesmo, não precisaríamos de  juízes, promotores, políciais  e nem de leis para vivermos”,  fazendo, por certo, uma alusão ao que eu tinha dito anteriormente sobre a Justiça.

Enquanto o amigo se despedia, me lembrei de uma sugestão atribuída a Capistrano de Abreu, famoso historiador, morto em 1927, época em que já se criticava a existência de corrupção no país. Segundo a história, Capistrano de Abreu sugeriu o seguinte: “A Constituição brasileira deveria ter apenas dois artigos: Artigo 1º – Todo brasileiro fica obrigado a ter vergonha na cara; Artigo 2º – Revogam-se as disposições em contrário”.

Mesmo considerando que as duas opiniões tenham um pouco de radicalismo, até que elas fazem algum sentido. Ou não?

 

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