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A ordem é pular fora; o barco está afundando

É impressionante como as coisas acontecem dentro da política brasileira por causa dos interesses pessoais dos representantes do povo, cuja cultura aética se desenvolve de forma alarmante em todos os setores da administração pública.

Com o passar do tempo, o surgimento de fatos novos vão movimentando o cenário, de forma que os adversários políticos de hoje podem ser os parceiros das eleições de amanhã, fazendo com que o eleitor que ajudou a eleger o seu candidato se sinta meio traído. Quando acuados pela opinião pública ou questionados sobre alguma tomada de posição, na maioria das vezes, incoerente, eles, os políticos, para se safarem dos questionamentos, seja do eleitor ou da imprensa, dizem que a política é muito dinâmica.

Nesse caso, o dinamismo apregoado, embora seja uma prática que deixa o eleitor em “parafuso” e sem saber de que lado ficar, é o resultado de certas alianças que são próprias do sistema pluripartidarista e que seriam até legítimas, se não tivessem como pano de fundo, o fisiologismo barato utilizado com base na prática do “toma lá, dá cá”.

Esse modelo de alianças foi adotado pelo ex-presidente Lula logo no seu primeiro mandato, que só chegou ao poder quando deixou de lado as ideologias de um partido marcado por ideias consideradas até então radicais, no caso o PT, aliando-se a outros partidos de centro ou moderados, que lhe deram o respaldo necessário para vencer as eleições e garantir a tão proclamada governabilidade.

Entretanto, a partir do seu segundo mandato, este modelo passou a ser distorcido e banalizado ao extremo, pois não se tratou mais de garantir a governabilidade do país.  As alianças políticas que foram praticadas deixaram de ser consideradas parcerias de governabilidade, para se tornarem conchavos espúrios com o objetivo único de se chegar e de se permanecer no poder a qualquer custo, como se todos os fins pudessem justificar os meios.

Com um sistema partidário estapafúrdio, onde existem nada menos do que 35 partidos perambulando pelo país tentado um lugar ao sol, jogou-se no lixo a história do antagonismo político – que é próprio da democracia -, as ideologias partidárias e, principalmente, os ideais daqueles que são militantes, para prevalecer o baixo oportunismo, imoral e antiético, consagrando o velho chavão popular do qual o eleitor não compartilha, de que “o sol nasceu para todos, mas que a sombra é somente para os espertos”.

O desembarque do PMDB do governo Dilma está sendo comemorado com certa euforia pelos partidos de oposição, já vislumbrando no ponto futuro a possibilidade de uma eventual composição para governar o país, caso haja realmente o impeachment. Não dá para desprezar o capital político do partido, que é considerado hoje o fiel da balança no processo de defenestração da presidenta, principalmente, se outros partidos seguirem o mesmo caminho.

Mas, sinceramente, não sei se a retirada do PMDB atropelando o lulopetismo é uma decisão que possa ser comemorada pela oposição. Só para se ter uma ideia, o desembarque peemedebista deixa para traz um rico espólio, cuja herança é composta de sete ministérios e cerca de 600 cargos espalhados pelo diversos escalões da administração pública federal. Portanto, o PMDB foi, sim, um importante coadjuvante do governo, tendo contribuído de forma decisiva para o agravamento das crises política e econômica, sem contar as crises moral e ética, doenças infecto-contagiosas, que há anos vêm afetando o país.

Não dá, portanto, para eximir o PMDB da culpa de ajudar a afundar a nau presidencial, mesmo que a ordem da cúpula seja de pular fora antes que o novo “Titanic” naufrague de vez.

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