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A MUSA DO TEATRO BRASILEIRO

Adellunar Marge

Mais do que a TV, o cinema e o teatro brasileiros perderam uma das suas mais significativas musas com a morte, no último dia três, da atriz Tônia Carrero, aos 95 anos de idade.

A morte é a instância inexorável a que cada um de nós, cedo ou tarde, chegaremos. Um mistério indecifrável o qual apenas sondamos mas sem nunca termos certeza de coisa alguma. Se soubéssemos o destino certo, perderíamos o encanto do mistério.

Tônia Carrero, com o nome de batismo de Maria Antonieta de Farias Portocarrero, nasceu no Rio de Janeiro, em 23 de agosto de 1922. Nasceu e viveu a maior parte da sua vida na Zona Sul da Cidade Maravilhosa, uma região tão bela como a própria atriz. Viveu uma vida artística e pessoal intensa. Três casamentos e outras relações de duração menor. Mas a cada uma, deve ter dedicado todo o seu entusiasmo como nas peças que interpretou ao longo da sua extensa carreira artística. Assim como a arte é uma imitação da vida, a vida, para aqueles que a experienciam com sensibilidade, é uma imitação da arte. A vida de Tônia Carrero foi sem dúvida uma imitação da sua arte.

A carreira artística de Tônia Carrero foi muito extensa e muito intensa. Participou de cerca de vinte novelas, interpretando os mais diversos papeis, como em “Senhora do Destino”, “O Cafona”, “Pigmaleão 70” e tantas outras. Mas foi no Teatro e no Cinema que ela mais emprestou o seu talento.  Viveu três casamentos sendo um deles com o famoso ator e diretor italiano Adolfo Celi e foi com ele e o ator Paulo Autran que Tônia fundou a sua Companhia de teatro, através da qual representou peças dos mais consagrados autores, como: Shakespeare, Pirandello, Albee, Tennessee Williams, Sartre e tantos outros.  Tônia Carrero era diplomada em Educação Física, mas especializou-se em teatro em cursos na França, exercitando em Paris a arte da interpretação que a consagraria em nosso país. São memoráveis, segundo a crítica, suas representações em “Otelo”, de Shakespeare; “Seis Personagens à Procura de um Autor”, de Pirandello;  “Quem tem Medo de Virgínia Woolf”, de Edward Albee; e “Doce Pássaro da Juventude”, de Tennesse Williams. Ao lado de Paulo Autran, principalmente, deu alma às mais diversas personagens da arte teatral brasileira.

No cinema, marcou o seu espaço com excelentes interpretações. Tônia participou do primeiro filme da Companhia Cinematográfica Vera Cruz e de cerca de vinte outros filmes que a consagraram na sétima arte mas, sem dúvida alguma, sua presença ficou marcada no filme “Tico-Tico no Fubá”, o filme que retrata  a vida do compositor Zequinha de Abreu, interpretado por Anselmo Duarte e no qual Tônia Carrero interpreta a atraente Branca, para quem Zequinha compôs a famosa valsa.

Os atores vivem muitas emoções mas possuem o privilégio de viverem, além das emoções que são suas, as emoções alheias, de cada personagem que interpreta.

O Teatro e a cinematografia brasileira perdem um de seus grandes intérpretes, um nome que ficará registrado na história da arte em nosso país.

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