Um momento novo

Não há dúvida de que os últimos acontecimentos ocorridos no país têm mostrado ares de um momento novo, que nos permitem um pouco mais de alento e um fio de esperança. O processo de impeachment da presidenta Dilma, por exemplo, embora ainda em curso e com status, por enquanto, de prévio afastamento de suas funções presidenciais, já pode ser considerado, no mínimo, uma ação pedagógica. Por certo, qualquer político que queira no futuro ocupar algum cargo de relevância no país, principalmente o de presidente da República, deverá ficar um pouco mais atento com as suas responsabilidades republicanas. Pelo menos, a partir de agora, eles estarão certos de que não se deve brincar irresponsavelmente com a administração de um país tão importante como o Brasil, cuja democracia, apesar do flagrante desrespeito praticado nos últimos anos, já se encontra absolutamente consolidada.

Ainda que o impeachment da presidenta não se concretize e ela permaneça no cargo, pelo menos, o maquiavélico plano de permanência no poder gestado no governo Lula já está sendo desarticulado. A organização criminosa que se instalou no país durante os 13 anos de governo lulopetista parece estar com os seus dias contados. Foram descobertas todas as falcatruas engendradas dentro da administração federal. Pelo menos agora se sabe, por exemplo, que as blindagens de pessoas importantes do governo eram o principal fator que levavam as CPIs aos resultados inócuos. Durante todo esse tempo, embora várias CPIs tenham sido instaladas, nenhuma delas chegou à conclusão alguma ou encontrou qualquer irregularidade, cujos resultados eram conhecidos antecipadamente, uma vez que elas acabavam sempre nas famosas “pizzas”. Nem mesmo a descoberta do mensalão, esquema de compra de apoio de partidos e políticos para votarem a favor de projetos de interesse do governo, foi capaz de chamar a atenção das autoridades judiciárias. Seus artífices, embora condenados, pouco tempo depois já se encontravam soltos. E o rumoroso processo, embora tenha tramitado durante cinco anos no STF, não conseguiu chegar ao cerne da questão para desmontar o nó da corrente da corrupção, plantada na maioria das estatais brasileiras.

As manifestações de rua, “os panelaços” e os protestos através das redes sociais foram fundamentais e mostraram que o povo, além de acordar para o mal que aquele governo estava fazendo ao país, acordou também parte das nossas instituições que passaram a funcionar. Com isso, entraram em ação a Polícia Federal e o Ministério Público, e com o apoio do Judiciário, acabaram por descobrir o elo entre o mensalão e os assaltos aos cofres da Petrobras, dos Fundos de Pensão, combinados com as ramificações criminosas também no setor elétrico e nas contratações de obras públicas. Embora as investigações ainda estejam em andamento, só o fato de se conseguir desbaratar o criminoso projeto de poder, articulado nos labirintos subterrâneos do Poder Central, já foi uma grande vitória. Deve-se ainda considerar que o “bota-fora” de Eduardo Cunha da Presidência da Câmara, feito pelo Judiciário, foi digno de aplauso, uma vez que suas influências maléficas contaminavam todo o Poder Legislativo.

Agora, com a formação de outro governo, ainda que interino, com um novo presidente da Câmara e uma equipe econômica mais séria e mais transparente, o mercado já começa a ganhar confiança e dar sinais de reação, com previsões mais otimistas para a economia. Embora ainda tênue, já se vislumbra uma luz no fim do túnel. Se o governo de Michel Temer vai dar certo ou não, só o tempo dirá. Com certeza, trata-se de um momento novo, que pode ser o início da recuperação do tempo perdido. É isso que a população espera.

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