Temer não terá paz

O começo do governo de Michel Temer começa efetivamente agora, após o feriado do dia 7 de setembro e depois de sua volta da viagem que fez à China para participar da reunião do G20. O fórum denominado de G20 reúne as 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia, cuja realização tem por objetivo a cooperação e a consulta sobre assuntos relativos ao sistema financeiro internacional, para discutir e desenvolver políticas de promoção do crescimento sustentado da economia global.

A proposta de Temer, presidente de fato e de direito, é fazer com que haja uma pacificação nacional. Aliás, ele tem dito isso em todas as suas entrevistas. Dentro deste projeto há grandes desafios que terão que ser vencidos. Um deles é de ordem fiscal no sentido de promover um ajuste estrutural dos gastos públicos. Em outras oportunidades, escrevi aqui neste espaço, que o Brasil necessitava de reformas estruturais urgentes para promover o seu crescimento. São reformas que demandam sacrifícios e que sempre foram adiadas pelo governo petista, porque elas, por se tratarem de medidas “amargas”, como se tem dito, contrariavam o projeto lulopetista de permanência no poder.

Hoje, já há um consenso nacional sobre a urgência dessas reformas, as quais, para serem executadas, precisam de um governo com pulso forte e descompromissado com interesses políticos escusos. Entre as principais estão a reforma tributária, que esbarra sempre no poder dos estados mais desenvolvidos, que não querem abrir mão de alguns de seus privilégios; a política, que esbarra na própria falta de vontade dos congressistas, considerando que uma reforma estrutural neste segmento seria um tiro no pé daqueles que têm por hábito legislar em causa própria; a previdenciária, para se evitar um colapso do setor no futuro; e a trabalhista, hoje tão necessária, para compatibilizar os direitos dos trabalhadores com uma maior geração de emprego por parte de quem tem o poder de empregar.

Mesmo considerando todas essas necessidades urgentes que o país precisa para sair do atoleiro no qual os governos anteriores o colocaram, a missão do atual presidente será muito árdua. Certamente, ele não terá paz. Além das dificuldades para se chegar a um consenso, por conta de interesses políticos dos congressistas, Temer enfrentará uma oposição irresponsável dos petistas e seus aliados, numa verdadeira guerra de vingança que já foi declarada pela ex-presidente durante o seu discurso feito no Senado, por ocasião da sua defesa, e também por Lula e seus asseclas, que, certamente, não darão trégua ao novo governo, insuflando a população e convocando a militância petista para fazer as suas tradicionais badernas, no que, aliás, eles são verdadeiros experts. Da mesma forma que governaram o país irresponsavelmente, alardeando benesses aos eleitores que não poderiam ser cumpridas, vão fazer uma oposição marcada pela vingança, torcendo sempre para que venha à tona o velho jargão: “Quanto pior, melhor”. Agora, todos vão se lembrar dos tempos passados e verem novamente como age uma oposição irresponsável e doente.

A legitimidade do novo governo não pode ser contestada, uma vez que os tais 54 milhões de votos, dos quais eles tanto se orgulham, foram dados para a chapa Dilma/Temer e não só para a presidente deposta. Se assim fosse, nem José Sarney e nem Itamar Franco poderiam assumir o governo por ocasião da morte do titular Tancredo Neves, e posteriormente, após o impeachment de Fernando Collor. O resto é pura balela, choro de que quem não teve a capacidade de governar o país e que foi sumariamente defenestrada sob os auspícios da Constituição Federal. Na atual conjuntura, vaiar, xingar ou representar contra o novo governo é uma atitude antipatriótica. Uma virada dessa triste página da História, que foram os 13 anos de governo petista, pode fazer bem ao país. A esta altura dos acontecimentos, qualquer outro caminho seria um retrocesso.

O que o país mais precisa, hoje, é de uma conciliação responsável e de confiança para retomar o seu crescimento, gerando mais emprego e renda para a população.

Portanto, oremos. Que Deus nos ajude e ao Brasil não desampare.

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