Um exemplo inovador de como materiais biológicos podem ser exploradores de maneira criativa. A placenta, um órgão temporário que fornece nutrientes e oxigênio para o feto durante a gestação, normalmente, é descartada após o parto, mas pode virar arte quando o pediatra, Dr Henrique Lopes, coloca a sensibilidade em ação para produzir telas emocionantes usando a “árvore da vida” dos bebês, com as quais presenteia as mamães.

A técnica já existe há alguns anos, mas chegou a Muriaé pelas hábeis mãos do especialista itaperunense. Nesta entrevista ele conta como se interessou pela prática, fala da reação das mães e comenta o processo de criação artística.

A Notícia – O que te motivou, como médico pediatra, a se interessar e trabalhar com arte utilizando a placenta como matéria-prima? Existe alguma história pessoal por trás dessa escolha?

Dr. Henrique Lopes – Sempre procurei maneiras para aliviar a tensão dos pais dentro do centro cirúrgico. A arte utilizando a placenta como matéria-prima despertou meu interesse por conseguir manter um ambiente humanizado, pedindo ajuda do pai para certos detalhes e, também, como uma forma única de eternizar esse momento especial. A história pessoal é que iniciei fazendo essa arte no nascimento da minha filha, há 1 ano e 5 meses.

A Notícia – Conte um pouco sobre o seu processo de criação artística durante o momento do parto? Como você equilibra suas responsabilidades médicas com a expressão artística? Existem cuidados especiais que precisam ser tomados para garantir a segurança tanto da mãe quanto do bebê?

Dr. Henrique Lopes – Durante o momento do parto, é fundamental equilibrar minhas responsabilidades médicas com a expressão artística. Sempre priorizo a segurança e o bem-estar tanto da mãe quanto do bebê. Após garantir que a criança esteja estável e segura, começo o processo de criação artística utilizando a placenta. É essencial seguir rigorosos protocolos de higiene e garantir a adequada limpeza do órgão antes de aplicar a tinta e fazer o carimbo. Assim, consigo conciliar o amor pela pediatria com a criação artística, sempre mantendo o cuidado e a segurança como prioridade.

A Notícia – Além do aspecto artístico, quais são os possíveis benefícios, tanto físicos quanto emocionais, que essa prática pode trazer para as mães e seus bebês? Você já observou algum impacto significativo na experiência do parto?

Dr. Henrique Lopes – Não há nada na existência humana que se compare a emoção do nascimento de um filho ! Fisicamente, a contemplação da árvore da vida, com a placenta representada, pode ajudar a fortalecer o vínculo mãe-bebê, promovendo uma sensação de conexão profunda e amor incondicional. Emocionalmente, a arte da placenta pode ser uma maneira poderosa de celebrar a maternidade, ressignificar o parto e valorizar o início dessa nova jornada. Embora os impactos variem de acordo com cada pessoa, testemunhei mães que relataram uma sensação de empoderamento e uma experiência de parto mais significativa após terem essa lembrança única.

A Notícia – Quais são algumas das reações que você já testemunhou das mães ao apresentar-lhes a arte criada a partir da placenta de seus filhos? Como você lida com as possíveis reações negativas?

Dr. Henrique Lopes – Ao apresentar a arte criada a partir da placenta, tenho testemunhado uma variedade de reações das mães. A maioria expressa uma profunda emoção, alegria e gratidão ao receberem esse símbolo tangível da conexão com seus filhos. No entanto, compreendo que cada pessoa tem suas próprias percepções e sensibilidades. Se porventura houver reações negativas, estou preparado para acolher e respeitar essas emoções, buscando entender e oferecer suporte. Cada experiência é única, e meu objetivo é proporcionar um momento especial e significativo para todas as famílias que escolhem essa forma de celebração.

A Notícia – De que forma você compartilha sua experiência e conhecimento sobre a arte com placenta com outros médicos e profissionais de saúde? Existe uma comunidade ou grupo dedicado a essa forma de expressão artística na área da medicina?

Dr. Henrique Lopes – Para compartilhar minha experiência e conhecimento sobre a arte com placenta, estou sempre disponível para conversar e trocar ideias com outros médicos e profissionais de saúde interessados nesse tema. Da mesma forma aconteceu comigo, Dr. Leonardo me apresentou, e juntos vamos conversando e procurando sempre inovar quando possível. Acredito que é pessoal, querer criar algo diferente para a família. Embora, atualmente, não exista um fórum ou grupo específico dedicado a essa forma de expressão artística na medicina, sinto grande entusiasmo em compartilhar minha experiência com aqueles que demonstram interesse. Acredito na importância de promover discussões e colaborações para ampliar o conhecimento nessa área e explorar novas formas de humanizar o processo de nascimento. Estou aberto a parcerias e a oferecer meu apoio para qualquer profissional que queira explorar essa prática única e significativa.