Estamos no curso da lei
Nada se opera no mundo que não obedeça a um princípio sábio e justo
“No mundo tereis aflições…” – Jesus. (Jo., 16:33)
Em virtude de nosso apoucamento intelectual e pelo natural amodorramento das potencialidades do Espírito, enquanto encarnados, estaremos com os horizontes do Infinito obnubilados por densa névoa, vendo surgir, de todos os lados, as vicissitudes que nos atordoam…. Essas, embora amargas, são ocorrências indispensáveis que vão, pouco a pouco, esvurmando a empola má da intimidade da alma.
Há que se considerar os espinhos ferintes como os “instrumentos cirúrgicos” que trazem como consequência o bálsamo curador.
Não podemos ter a presunção de compreender a razão de todos os sucessos, sejam eles bons ou maus. Só de uma coisa podemos estar seguros: “nada se opera no mundo que não obedeça a um princípio sábio e justo”.
No capítulo cinco do livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Allan Kardec, junto aos Benfeitores Espirituais tecem largos comentários sobre essas questões, clareando-as e desdobrando-as até às fronteiras do possível à nossa compreensão.
Disse Jesus : “bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados. Ditosos sois, vós que agora chorais, porque rireis”.
Em uma de suas assertivas, expõe o Missionário da Terceira Revelação: “as vicissitudes da vida derivam de uma causa e, pois que Deus é justo, justa há de ser essa causa”.
Esclarece, ainda, o insuperável Mestre Lionês : “os Espíritos não podem aspirar à completa felicidade, enquanto não se tenham tornado puros: qualquer mácula lhes interdita a entrada nos mundos ditosos. São como passageiros de um navio onde há pestosos, aos quais se veda o acesso à cidade a que aportem, até que se hajam expurgado. Mediante as diversas existências corpóreas é que os Espíritos se vão expungindo, pouco a pouco, de suas imperfeições. As provações da vida os fazem adiantar-se, quando bem suportadas. Como expiações, elas apagam as faltas e purificam, pois constituem-se o remédio que limpa as chagas e cura o doente. Quanto mais grave é o mal, tanto mais enérgico deve ser o remédio. Aquele, pois, que muito sofre, deve reconhecer que muito tinha a espiar e deve regozijar-se à ideia da sua próxima cura. Dele depende, pela resignação, tornar proveitoso o seu sofrimento e não lhe estragar o fruto com as suas impaciências, pois do contrário, terá de recomeçar”.
Assim, tem plena razão André Fernandes, ao versejar pelos recursos psicográficos do médium fluminense Raul Teixeira: o Cristo clama: caminha!…/ Tem fé por entre os tormentos./A Reencarnação é bênção /Que nos confere proventos.
Portanto, ainda que visitados pela mais angustiante vicissitude que nos prenda sob doloroso guante, jamais nos olvidemos da fé irrestrita e incondicional na Misericórdia Divina que em hipótese alguma nos deixa órfãos.
Qualquer que seja a situação – simplesmente – estamos no curso da Lei!…