As tribulações nossas de cada dia
“Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.” – Jesus (Mt., 7:34)
Analisando superficialmente alguns ditos do Senhor, sem as claridades ofertadas pela abençoada Doutrina dos Espíritos, cairíamos invariavelmente no mesmo poço dos equívocos da grande maioria dos exegetas apressados…
Os versículos em epígrafe, por exemplo, parecem uma nova versão da fábula da Cigarra e da Formiga, na qual a imprevidência daquela gerou insustentável situação no inverno, vindo a perecer de fome e frio…
Jesus, nosso Mestre por excelência, não poderia aconselhar uma acomodação e inércia no presente, quando Ele mesmo asseverou que “cada um receberá de acordo com as suas obras”.
Assim, necessitamos de mais aprofundadas ilações em torno do “espírito que vivifica” libertando-nos dos estreitos limites da “letra que mata”.
Todas as vezes que estivermos estudando o Evangelho, não podemos negligenciar o meio ambiente onde os fatos aconteceram, como também precisamos prestar atenção nas condições e circunstâncias que motivaram as palavras de Jesus. Assim, quando o Mestre desaconselha preocupações com o dia de amanhã, de forma alguma Ele estimulava o procedimento da cigarra da fábula. Só ensinava que não deveríamos patinar sobre a escorregadia superfície da ansiedade indébita e muito menos cair no fundo poço das fobias injustificáveis. Mas, em nenhum momento, Suas palavras podem ser interpretadas como estimuladoras da apatia, da negligência, do descaso, da inércia…
Sua Vida, em todos os momentos foi um verdadeiro poema de trabalho e amor por tudo que possa conduzir o homem através dos pântanos traiçoeiros do mundo para a segurança dos remansosos pastos da Espiritualidade, onde a paz e a felicidade sem mescla são encontradas e estão à nossa disposição.
Ensina-nos o Espiritismo, (coerente com os postulados de Jesus), que a sementeira livre de hoje ensejará a colheita obrigatória do futuro.
“A cada dia basta o seu mal” é assertiva indicadora de que devemos superar os obstáculos à medida que vão surgindo, nisso aplicando a inteligência que nos foi dada por Deus, para a conquista da vitória do homem-novo sobre o homem-velho.