O povo, o senhor do poder
“Inicio meus cumprimentos dirigindo-me ao cidadão brasileiro, princípio e fim do Estado, senhor do poder, da sociedade democrática, autoridade suprema sobre todos nós, servidores públicos, em função do qual há de labutar cada um dos ocupantes dos cargos estatais” (Cármen Lúcia, ministra do STF, durante a sua posse como presidente da Corte)
As palavras iniciais da ministra Cármen Lúcia podem ser consideradas como o prenúncio de que os novos tempos que podem transformar o país estão contaminando também, e de forma positiva, a mais alta Corte da Justiça brasileira. Ao saudar o povo brasileiro, preterindo as elevadas autoridades presentes durante a sua posse, a ministra, uma mineira de Montes Claros, deu o tom de como deverá conduzir o Pleno nos próximos dois anos. Na qualidade de guardiã da Constituição Federal, ela sabe que o respeito ao povo é de fundamental importância para quem quer conservar vivo o regime democrático e o estado democrático de direito.
Temos acompanhado com muito interesse esta fase ruim que o Brasil está passando, até porque, todas as questões que envolvem as adversidades, a crise moral, o vai e vem da política e da economia nos dias atuais, encontram-se estampadas em todos os meios de comunicação.
Na verdade, não me conformo em ver o trabalhador brasileiro ser vilipendiado, execrado, privado de seus direitos, sendo roubado no bolso e nos seus sonhos por indivíduos sem princípios morais que são colocados no poder. Este estado de coisas precisa mudar.
Como brasileiro apaixonado por esse país, acho impossível ficar alheio aos acontecimentos. Entendo que tomar partido nas decisões, ser um elemento ativo na construção de uma sociedade mais igualitária e procurar formar opinião são deveres daqueles que têm uma consciência mais politizada e que se preocupam com o futuro do seu município, do seu estado e, principalmente, com o futuro do país. Não há mais lugar para acomodamentos diante da corrupção, dos esquemas montados com o objetivo único de permanência no poder e com a irresponsabilidade de governantes no trato com a coisa pública.
Há uma necessidade premente de uma transformação radical para alterar essa lógica perversa que campeia pelo Brasil afora. E essa transformação só poderá ser feita se ela for plantada e germinada a partir da base da pirâmide que compõe a sociedade brasileira. As mudanças que precisamos no momento atual encaixam-se muito bem com um pensamento de Mahatma Ghandi, figura histórica e pacifista que deixou como ensinamento para todas as gerações posteriores à sua existência a seguinte frase: “Se você quer mudar o mundo, antes de tudo, comece você esta mudança para o bem”. Portanto, é preciso que cada um faça a sua parte, buscando incessantemente a melhora do ambiente em que vive. Sem atitudes não haverá transformações.
Certamente, quando a ministra, com a sua inteligência rara, se refere ao povo como “o senhor do poder”, mais do que homenageá-lo, ela está invertendo a ordem a qual estamos acostumados a ver, porque ela tem a consciência de que este é um momento de transformação e a mais alta Corte do país não poderia ficar alheia aos importantes acontecimentos que vêm sacudindo o Brasil. Portanto, a reverência feita pela ministra Carmen Lúcia é um belo incentivo para o povo, sem dúvida, o senhor do poder.