Sentimentos em quadras

Enquadrar um sentimento nem sempre é compartimentá-lo em limites determinados. Em poesia, quase sempre é dotá-lo de asas e de horizontes ilimitados.

 

O beijo que ela me deu                            A noite pesa em meus olhos

debruçada à janela,                                   e as estrelas, tão distantes,

deu brilho aos olhos meus                        não são as mesmas de outrora,

e calor aos olhos dela.                              tão próximas, tão brilhantes.

 

Escrevi as minhas penas                          A caixa guarda o segredo

com várias penas na vida,                       da bela nave que voa.

Mas a pena desta “Parker”                      Porém, se a nave não cai,

sempre foi a mais querida                       o tal segredo é à toa.

 

Teus olhos são tão profundos,                Teu porte é porte de dama,

Profundos como oceanos.                       de dama tens o andar.

Refletem distantes mundos                    Se ficas, tudo se inflama,

de sonhos, de desenganos.                     Se passas, fico a sonhar.

 

Talvez teus olhos tristonhos                   Teus olhos são tão profundos…

(que nos dão falsa medida)                    e serenos como um lago.

sejam punhados de sonhos                     curam as dores do mundo

dispersos por tua vida.                            como se fossem afagos.

 

Se a vida fosse um tape                          Em teus olhos mergulhei

capaz de ser corrigido,                           como em profunda piscina.

alguns momentos da vida                       por um triz não naufraguei

eu não teria vivido.                                 em teu jeito de menina.

 

Nas ondas dos teus cabelos                    Não levo nada da vida,

deu-me um dia embaraçar.                     não levo nada, bem sei.

Perdido nesse novelo,                             Nem a dor da despedida

não quero me libertar.                            daqueles a quem amei…

 

O sentimento é o terreno onde florescem os sonhos. Quando buscamos desesperadamente a realidade, rompemos com as nossas imagens oníricas e passamos a ser menos do que poderíamos ser.

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