São Francisco do Glória é referência em desenvolvimento sustentável na Zona Da Mata
Fazenda Santa Cruz é modelo no Projeto Conexão Mata Atlântica realizado pelo Governo de Minas Gerais
A Fazenda Santa Cruz, em São Francisco do Glória, recebeu uma visita técnica de membros do Governo de Minas na manhã de quarta-feira (29). O objetivo foi conhecer os resultados alcançados após quatro anos de trabalho nesta unidade modelo do Projeto Conexão Mata Atlântica na região. A recepção da comitiva foi realizada pelo prefeito da cidade, Walace Pedrosa, pelo vice-prefeito e secretário de Agricultura e Meio Ambiente e Pecuária de São Francisco do Glória, Inácio Ricardo, e pelos proprietários da fazenda, Jorge Augusto de Faria Filho e sua esposa, Luzia.
O Conexão Mata Atlântica é um projeto de recuperação e proteção dos serviços do clima e da biodiversidade do corredor sudeste da Mata Atlântica brasileira. Sua área de atuação é a Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, que abrange parte dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Fizeram parte da comitiva a secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Marília Melo; o coordenador do projeto Conexão Mata Atlântica e analista ambiental do IEF, Marcelo Araki; o deputado estadual e presidente da Comissão de Meio Ambiente Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Noraldino Júnior, e representantes do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
A Fazenda Santa Cruz, considerada caso de sucesso por conta dos bons resultados ambientais obtidos em um curto intervalo de tempo, conta com três projetos técnicos na modalidade de sistemas agroflorestais, que intercalam plantio de milho, pastagem, eucalipto, mogno, café e abacate, além de dois programas de sistema silvipastoril, de mogno e de eucalipto e outros dois de fomento ambiental.
O prefeito de São Francisco do Glória, Walace Pedrosa, fez um agradecimento especial ao casal Jorge e Luzia e afirmou que 29 de setembro entrou na história do município. “Eles aceitaram de imediato o propósito de fazer deste pedacinho de terra um lugar melhor, mostrando que com um pequeno gesto podemos transformar o mundo em um lugar melhor. Em 2017, quando assumimos a gestão do município, enfrentamos um longo período de estiagem, sendo necessário o decreto de estado emergência hídrica. Hoje, estamos começando a colher os frutos de quatro anos de trabalho e parceria em prol da ecologia”, afirmou, prometendo a implantação de projetos sustentáveis nas demais propriedades do Córrego do Moinho.
Vice-prefeito e Secretário de Agricultura e Meio Ambiente e Pecuária de São Francisco do Glória, Inácio Ricardo, agradeceu pelo desenvolvimento do trabalho na cidade. “É muito importante para o município a presença de todos e, principalmente da secretária do Meio Ambiente, prova de que estamos despontando no Estado e que os trabalhos desenvolvidos estão dando certo. Aproveito para agradecer ao Jorge e a Luzia por aceitarem esse projeto.”, afirmou.
A secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Marília Melo, se disse impressionada com o que viu na fazenda. “Quando proprietários como a Luzia e o Jorge assumem um projeto como este, tornam-se exemplos e nos dão a possibilidade de propiciar qualidade ambiental para toda a comunidade. Hoje estamos consolidando esta unidade demonstrativa do Conexão Mata Atlântica, aqui em São Francisco do Glória. Trata-se de um programa muito importante, já que propicia a restauração dessa mata na região. Essa propriedade especificamente tem um papel fundamental de apoio ao manancial de abastecimento hídrico com a proteção de nascentes, inclusive, um dos motivos, da escolha da cidade durante o processo de avaliação”, afirmou.
A importância do projeto em São Francisco do Glória também foi a tônica da fala do Deputado Noraldino Júnior, presidente da Comissão de Meio Ambiente Assembleia Legislativa de Minas Gerais. “A cidade está na vanguarda deste projeto tão importante, principalmente neste momento onde o assunto é a crise hídrica e energética. Temos uma grande necessidade de recuperação de nascentes e reflorestamento. Espero que a iniciativa se multiplique na região. Eu deixo aqui minhas homenagens ao prefeito Walace Pedrosa, por essas e por outras iniciativas e colocamos nosso mandato e nossa comissão à disposição para atender a administração no que for necessário”, destacou.
Para o coordenador do Conexão Mata Atlântica em Minas Gerais, Marcelo Araki, esse projeto é considerado modelo porque é o retrato claro da possibilidade de convivência entre produção e florestas, gerando desenvolvimento sustentável e recuperando o meio ambiente. “Isso demonstra que a parte produtiva agrícola não compete com o ecossistema. Hoje estamos trabalhando de uma forma em que a propriedade rural é uma coisa só. Não adianta apenas trabalhar a parte ambiental focando somente na floresta nativa, temos que ter o objetivo de equilibrar as duas coisas, floresta e parte produtiva”.
O casal Jorge e Luzia expressou seu agradecimento. “Desde quando começamos, foram momentos de dúvidas e incertezas, mas de muita esperança em fazer acontecer. Com o passar do tempo, alguns tropeços, outros ajustes, e o diamante foi se lapidando, quando se faz com fé, os resultados aparecem. Fazer diferente, precisa de coragem, mas nos dá novas, possibilidades”, comemorou.
A fazenda Santa Cruz, tem 79 hectares e, quando foi comprada pelo casal Jorge e Luzia, era considerada área de degradação ambiental, com nascentes quase secando, solos e pastos degradados e outros problemas. Hoje, o trabalho ferrenho deste casal, já gerou muitos frutos. E com a implantação do projeto, aumentaram ainda mais. Os técnicos identificaram o desenvolvimento mais rápido de árvores, índice de 95% de pegamento das mudas plantadas, melhoria do solo, aumento da água a partir do aparecimento de corpos hídricos que antes não eram visíveis e excelente produção agrícola. Em agosto, foram colhidas, na Fazenda Santa Cruz, 250 sacas de milho, a partir do plantio de 2,5 sacas de sementes feita em dezembro do ano passado.