Padre Silas se despede dos fiéis
O padre Silas Geraldo, que durante dez anos foi o pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Porto, se despede dos fiéis e da cidade. O sacerdote será transferido para Ubá, onde assumirá o cargo de administrador paroquial da Paróquia Divino Espírito Santo e de vice-reitor do Seminário Nossa Senhora de Guadalupe.
A decisão aconteceu no dia 3 de março, após o bispo da Diocese de Leopoldina, dom José Eudes Campos do Nascimento, durante reunião, ouvir o Conselho Presbiteral. Além de padre Silas, o bispo dom José Eudes nomeou transferências de outros sacerdotes. A Paróquia Nossa Senhora Aparecida terá como pároco o padre Carlos Henrique Mariosa, que tomará posse oficialmente em celebração que ocorrerá no dia 25 de abril, na própria igreja.
A emoção tomou conta das missas de despedida do padre Silas, as quais foram celebradas às 7h e às 19h30min no domingo de Páscoa (27). Os fiéis lotaram a paróquia para acompanharem as últimas celebrações do sacerdote. “Era o padre dizendo um ‘Até logo!’ para Muriaé e para a Paróquia Nossa Senhora Aparecida. Eram os fiéis querendo sentir o calor daquele que, por dez anos, ficou à frente dos trabalhos pastorais desta paróquia”, diz padre Silas.
Em entrevista ao A NOTÍCIA, jornal do qual o padre foi colunista, o sacerdote fez um balanço de uma década à frente da paróquia, dos desafios e das conquistas obtidas. “Quando cheguei a Muriaé, em 2006, a paróquia do Porto era conhecida na diocese e na cidade como uma paróquia complicada, onde os padres não conseguiam ficar por muito tempo. Quando cheguei, a comunidade estava fazendo um abaixo-assinado para impedir a saída do antecessor e para impedir a minha chegada. Isto é muito ruim para a comunidade, pois mostra uma comunidade fechada em torno de si”, lembra o padre.
Apesar das dificuldades enfrentadas no início, padre Silas afirma que deixa uma paróquia sólida e que sua missão sacerdotal na cidade foi cumprida. “Hoje, ao sair, vendo tantas lágrimas, depoimentos, emoção e comoção, sinto que, sim, a missão foi cumprida. Deixo uma comunidade verdadeiramente unida, com orgulho de ser católica, igrejas construídas nos vários bairros circundantes e melhor do que isto, todos lotadas, bem participadas, bem cuidadas. Minha missão aqui foi cumprida. A comunidade realizando uma moção de agradecimento ao bispo, pra mim, foi o maior legado. As pessoas estão sentidas, bem como eu, com esta transferência, sentem-se convocadas a manifestar seu sentimento, mas o fazem de maneira serena, madura. Isto foi para mim um grande sinal”, considera.
Perguntado sobre o que leva de Muriaé, o sacerdote afirma que é a fé do povo. “Uma fé um pouco que mesclada, mas um povo fervoroso, presente, fiel. Não conheci em lugar algum da diocese tanta qualidade musical dentro da igreja quanto encontrei aqui, uma capacidade de trabalhar e de se organizar. Por fim, a fidelidade no dízimo. São católicos de verdade”, ressalta.
Segundo ele, mudar faz parte da sua missão. “Quando na sexta-feira da paixão tirávamos, ao fim da tarde, como Arimatéia e Nicodemos, os cravos que prendiam as mãos e os pés de Cristo na cruz, lembrava que esta é a missão do padre: estar de pés e mãos livres para levar o Evangelho onde quer que seja necessário. Agradeço todos: aos que buscaram apoio em nossas palavras, aos que ofereceram-me apoio, aos que tiveram paciência comigo e, principalmente, ao Jornal A Notícia, que não só me acolheu, bem como acolheu minhas ideias e as publicou com carinho em lugar de destaque no jornal. Não esquecerei tão grandioso gesto de carinho. Obrigado por tudo”, finaliza.