Operação Provérbios: PCMG desmantela esquema de lavagem de dinheiro e rifa ilegal, prende influenciador digital e apreende veículos e produtos ilícitos
“A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda.” Esse é o provérbio de que trata a Operação Provérbios 16:18 deflagrada pela PCMG e que culminou na prisão de sete influenciadores digitais de Juiz de Fora, todos ostentavam uma vida de luxo nas redes sociais. Entre os presos está Wesley Alves, influenciador com quase 300 mil seguidores nas redes sociais. O nome dos demais ainda não foi divulgado e um deles continua foragido. As prisões ocorreram em flagrante por volta das 18h do dia 28, quando os suspeitos estavam a caminho de Além Paraíba para a entrega de um dos supostos prêmios.
A operação apura lavagem de dinheiro, organização criminosa, rifa ilegal e sonegação de impostos.
Até o momento do fechamento desta reportagem haviam sido apreendidos 24 veículos, cerca de 200 pacotes de cigarro, e diversos aparelhos celulares. Também foram interditados estabelecimentos comerciais. O patrimônio apreendido já soma cerca de R$ 3 milhões.
O delegado Regional, Bruno Wink dos Santos; o chefe da Divisão Especializada Operacional do Departamento de Operações Especiais, delegado Felipe Falles; e os delegados da Força Tarefa de Combate ao Crime Organizado em Juiz de Fora, Márcio Rocha e Marcos Vignolo deram entrevista coletiva na tarde de quarta-feira (29) e detalharam a operação.
Eles informaram que entre os itens apreendidos, estavam 12 motos – dez delas 0 Km -, dez carros, duas motos aquáticas, três carretas pequenas para transporte dos “prêmios”, R$ 14 mil, celulares, computadores, documentos e 10 caixas de cigarros.
De acordo com o delegado Marcos Vignolo, a rifa praticada pelos suspeitos é considerada ilegal por não possuir finalidade filantrópica, como por exemplo, para ajuda a pessoa doente ou para levantar fundos para festa de formatura. “(A rifa deve acontecer) em uma escala muito menor e é para uma situação pontual, para poder ter uma finalidade nobre, o que, com certeza, não tinha nada a ver com a atividade desenvolvida por esses indivíduos, que era uma atividade altamente lucrativa. Eles estavam ostentando muito em redes sociais, ostentando uma riqueza completamente incompatível com o rendimento deles, como viagens de alto luxo, passeios em embarcações, jet ski, festas”, explicou.
Os agentes esclareceram que a operação também resultou na interdição de três estabelecimentos em Juiz de Fora, que seriam usados para lavagem de dinheiro. Foram duas distribuidoras de bebidas, localizadas nos bairros Fábrica e Teixeiras, e uma loja de roupas, no Bairro Linhares. “Esses estabelecimentos estão em nome desses indivíduos. É uma forma também de gerar um ar de licitude no negócio deles, usando esses comércios legais para substituir a ilegalidade do outro negócio que eles tinham da rifa, que é a rifa ou sorteio ilegal”, esclareceu o delegado Márcio Rocha, coordenador da força-tarefa de Combate ao Crime Organizado em Juiz de Fora e Zona da Mata.
Também de acordo com os policiais, a investigação durou cerca de cinco meses. O delegado Marcos Vignolo explicou como a quadrilha agia em relação às rifas. “Muitas vezes, quando uma pessoa possivelmente ganhava uma rifa, os suspeitos ofereciam dinheiro em espécie como opção ao ganhador, ao invés do bem. Só que, na maioria das vezes,esse dinheiro era um valor muito menor, do que o valor do bem”, disse.
O delegado informou que as investigações vão continuar, O objetivo é apurar a origem dos bens rifados. “Podemos afirmar que parte desses bens veio de apostas ilegais, ou seja, não regulamentadas. Também temos indícios de que podem ser originários do contrabando de cigarros do Paraguai, e de outras atividades criminosas que estão em apuração agora pela força-tarefa.”
No total, 40 policiais participaram da operação, sendo 25 deles do Departamento de Operações Especiais, de Belo Horizonte.
Fotos: PCMG e Joubert Telles