O X Burger
A alimentação dos fast foods tomou conta do mundo. Pelo menos nos grandes centros, onde a pressa e a exiguidade do tempo ditam os hábitos alimentares. Se bom ou ruim para a saúde humana, é uma outra história, mas o certo é que os sanduíches fizeram e continuam fazendo história.
Foi por volta do séc. XVII, na cidade de Hamburgo, na Alemanha, que foi introduzido o consumo da carne bovina moída, assada em chapas. O objetivo era facilitar o consumo de carnes mais duras, que não se prestavam para bifes ou outros modos de preparo. De Hamburgo, aquele hábito foi levado para os Estados Unidos e, muitos anos depois, por volta de 1904, passou a ser usado com o nome simplificado para “burger”. Eliminaram o “ham” inicial para não ter conotação com carne suína, que não era de habitual consumo na América.
Mas foi na América que se teve a ideia, possivelmente através de Fletcher Davis, de colocar aquele bife redondo de carne moída entre duas metades de um pãozinho redondo. Com o tempo, aquele sanduíche popularizou-se e se espalhou por todos os cantos do mundo, como uma marca do povo norte-americano.
A primeira rede de lanchonetes a comercializar o produto em larga escala foi a “White Castle”, abrindo o caminho para o surgimento de gigantescas redes de fast food, como o Bob’s e o McDonald’s.
A partir daí, os famosos sanduíches foram gradativamente incrementados com verduras e legumes naturais ou conservados em vinagre, como picles. Depois foram incrementados com queijos, bacon, catchup, mostarda e ovos fritos, para atender ao gosto de cada consumidor. Os nomes variavam. Eram simplesmente burgers, se com carne bovina apenas, ou cheese-burgers, se com o acréscimo do queijo. No Brasil, a nossa criatividade permitiu substituir o cheese por um “x” apenas, e quando provido de uma infinidade de componentes, nomear o famoso sanduíche de “X Tudo”. O “x” passou a ser usado por sua aproximação sonora com o vocábulo inglês “cheese”.
O “x” já é muito conhecido por nós na Matemática para designar um elemento não conhecido, uma incógnita. Seria o “x” da questão. Por isso, a sua função emblemática. Mas quando é mal usado, aí a coisa se complica.
Foi numa pequena lanchonete à beira da estrada, entre Governador Valadares e Caratinga, onde eu parei para tomar uma água mineral, que eu vi pela primeira vez uma placa anunciando o “X Burger”. Pedi um, já que o aroma me apetecia. Fiquei surpreendido quando, ao receber o sanduíche, constatei que havia só carne entre as metades do pão, além de uma folha de alface, duas rodelas de tomate e o molho. Foi quando perguntei ao rapaz que me servia:
– Mas não tem queijo no seu X Burger? E ele respondeu prontamente:
– O nosso X Burger não tem queijo não, moço! É com carne só…!
Aí eu me dei conta de que aquele “x” que aqui no Brasil antecede o burger, pelo menos naquela pequena lanchonete, só guardava com o queijo uma ligação sonora. Mas não sei se pelo adiantado da hora que acentuava a fome, ou se pelo aroma atraente daquele sanduíche, achei aquele X Burger sem queijo muito saboroso. Agora, todas as vezes que vejo escrito em uma lanchonete “X Burger”, eu ligo sempre aquele “x” à incógnita matemática: será que vai ter queijo neste sanduíche, ou será apenas uma lembrança sonora?