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Governo de Minas anuncia início de obras da biofábrica Wolbachia para controle de arboviroses

O Governo de Minas anunciou, dia 27, que as obras da Biofábrica Wolbachia começarão na segunda quinzena de abril. A novidade foi apresentada em reunião realizada na Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), durante exposição da situação das arboviroses em Minas Gerais ao governador Romeu Zema.

A construção da unidade para controle de arboviroses – como zika, dengue e chikungunya – está prevista no Acordo Judicial firmado pelo poder público com a Vale, em razão dos danos provocados pelo rompimento da barragem na Mina do Córrego Feijão, em Brumadinho, 2019. A tragédia tirou 272 vidas e gerou série de impactos sociais, ambientais e econômicos na bacia do Rio Paraopeba e em todo o Estado de Minas Gerais.

A biofábrica será instalada em um terreno do Governo do Estado localizado no bairro Gameleira, região Oeste de Belo Horizonte, com um valor de construção de mais de R$ 20 milhões. Em um primeiro momento, atenderá 22 municípios da Bacia do Rio Paraopeba (Betim, Brumadinho, Cachoeira da Prata, Caetanópolis, Curvelo, Esmeraldas, Felixlândia, Florestal, Fortuna de Minas, Ibirité, Igarapé, Juatuba, Maravilhas, Mário Campos, Papagaios, Pará de Minas, Paraopeba, Pequi, Pompéu, São Joaquim de Bicas, São José da Varginha e Três Marias).

Posteriormente, no entanto, segundo o secretário de Estado de Saúde, o médico Fábio Baccheretti, o objetivo será estender a tecnologia para o combate à transmissão dessas doenças em todo o estado.

A execução do projeto está sendo acompanhada pela auditoria socioeconômica da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pelos compromitentes do Termo de Reparação – Governo de Minas, Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Ministério Público Federal (MPF) e Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG). A ordem de início foi emitida pelos compromitentes em fevereiro deste ano após a análise do projeto apresentado pela mineradora e o parecer favorável da FGV.

Conforme previsto no Acordo Judicial, a Vale tem a responsabilidade de construir, equipar e mobiliar a biofábrica, que será de propriedade do Estado de Minas Gerais. A empresa também é obrigada a custear o funcionamento da biofábrica por cinco anos, contados a partir da licença de operação e com valor previsto de cerca de R$ 57 milhões. Além disso, cabe à Vale pagar as despesas de segurança e de conservação do local, no período entre a conclusão da obra e o início da operação.

Os trabalhos na biofábrica serão conduzidos pela SES-MG, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o World Mosquito Program (WMP) – iniciativa internacional que atua na proteção das pessoas às doenças transmitidas por mosquitos Aedes aegypti.

Cenário epidemiológico

De acordo com o último levantamento da SES-MG, há 131.032 casos prováveis de dengue, sendo 46.619 confirmados. Até o momento, o estado registrou 15 mortes pela doença em 2023. Em relação à chikungunya, foram notificados 36.011 casos prováveis da doença, sendo 10.895 confirmados e quatro óbitos. O zika vírus é, até então, o que menos circula em Minas Gerais, com cerca de 0,1% de proporção, em contraste com os 78,4% da dengue e 21,5% de chikungunya.

Segundo o médico Fábio Baccheretti, a diferença deste ano é a incidência da chikungunya, pois, historicamente, os casos de dengue são predominantes. “Temos um fato novo que é a chikungunya, que não circulava em Minas. Neste ano, do número de amostras dos testes realizados, 21,5% são da doença, mas, possivelmente, temos mais casos positivos do que esse total. É um vírus novo que está circulando e pegando a população suscetível. Esse movimento veio do Norte de Minas, porque foi no Sul da Bahia que começou o registro de casos da doença” explicou.

A expectativa, conforme projeções da SES-MG, é que a curva de casos comece a cair em meados de abril. “A expectativa é que os casos do Norte do estado entrem em queda, seguido pelo Triângulo, e que, depois, essa curva comece a cair na região metropolitana também, onde o pico dos casos está previsto para o mês de abril”, explicou o secretário.

A secretaria atua de forma complementar nos municípios que apresentam risco alto ou muito alto para uma epidemia, na execução de ações de controle vetorial, mobilização e comunicação; qualificação e orientação das atividades da vigilância em saúde e assistenciais, conforme os critérios do Plano Estadual de Contingência das Arboviroses.

Em 2023, já foram realizadas ações das forças-tarefa com apoio da SES-MG nos municípios de Almenara, Januária e Muriaé e estão em andamento atividades em Jacinto, Itinga, Joaíma, Passos e Carlos Chagas. As atividades têm duração média de 15 dias e mobilizam cerca de 30 técnicos.

Além dessas ações, houve a divulgação do primeiro Levantamento Rápido de Índices para Aedes Aegypti (LIRAa/LIA) de 2023. O indicador traz informações detalhadas da infestação do mosquito nos municípios mineiros e dos reservatórios que acumulam água parada onde a larva do mosquito teve maior recorrência.

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