Dar sem esperar retribuição

Os que fazem o bem ostentosamente já receberam sua recompensa

“Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes.” – Jesus.  (Mt., 5:42)

No Evangelho de Jesus, encontramos as necessárias orientações para todas e quaisquer situações pelas quais podemos passar na vida de relação…

Esse Relicário de Luz deverá ser objeto de exaustivas e minuciosas exegeses para que  nossos  passos  não tropecem nos equívocos de dolorosos corolários.

Jamais  existiu  ou   existirá  código  que  o iguale.  O Evangelho que Jesus trouxe à Terra em nome  do Pai  Celestial  é  o melhor tratado  de  relações  humanas,  cuja perenidade  foi assim assegurada : “minhas  palavras não passarão”.

O segundo Mandamento Maior : “amar ao próximo” é suscetível de ser praticado  de  “n”  formas diferentes. Dentre elas inclui-se o exercício da fraternidade em regime de despojamento do egoísmo e da vaidade.

Jesus disse : “tende cuidado em não praticar as boas obras diante dos homens para serem vistas, pois, do contrário, não recebereis recompensa de vosso Pai que está nos Céus. Assim, quando derdes  esmolas, não trombeteeis, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas  ruas, para serem louvados pelos homens. Digo-vos, em verdade, que eles já receberam sua recompensa”.

Realmente  receberam-na: queriam ser  vistos.  Foram… A vaidade e o egoísmo desfilaram nos palcos das ilusões!… (é tudo que terão!).

Kardec aborda esta questão no livro básico “O Evangelho Segundo  o  Espiritismo” cap. XIII, item  3,  nos seguintes termos: “(…) em   fazer   o  bem  sem  ostentação  há  grande mérito;  ainda mais meritório é ocultar a mão que  dá;  constitui marca  incontestável  de grande superioridade  moral,  porquanto, para encarar as coisas de mais alto do que o faz o vulgo,  necessário se  torna abstrair da vida presente e identificar-se com  a  Vida Futura;  numa  palavra: colocar-se  acima  da  humanidade,  para renunciar  à  satisfação  que advém do testemunho  dos  homens  e esperar  a  aprovação de Deus.  Aquele que prefere ao de  Deus  o sufrágio  dos homens prova que mais fé deposita nestes do que  na Divindade e que mais valor dá à vida presente do que à futura.

Quantos há que só dão na esperança de que  o que  recebe  irá bradar por toda a parte  o benefício recebido! Quantos os que, entretanto, às ocultas, não dariam uma só moeda! Foi por  isso  que  Jesus  declarou: “os  que  fazem  o  bem ostentosamente já receberam sua recompensa”.

Com efeito, aquele que procura a sua própria glorificação na Terra, pelo bem que pratica, já se pagou a si mesmo; Deus nada mais lhe deve; só lhe resta receber a punição do seu orgulho.

A beneficência praticada sem ostentação tem duplo  mérito: além de ser caridade material, é caridade  moral, visto  que  resguarda a suscetibilidade do  beneficiado,  faz-lhe aceitar  o  benefício,  sem que seu amor-próprio  se  ressinta  e salvaguardando-lhe  a  dignidade de homem, porquanto  aceitar  um serviço  é  coisa  bem  diversa  de  receber  uma  esmola.

A verdadeira caridade sabe encontrar palavras brandas e afáveis que colocam o beneficiado à vontade em presença do benfeitor, ao passo que a caridade orgulhosa o esmaga. A verdadeira generosidade adquire toda a sublimidade, quando o benfeitor, invertendo os papéis, acha meios de figurar como beneficiado diante daquele a quem presta serviço. Eis o que significam estas palavras: “não saiba a mão esquerda o que dá a direita”.

Conclama um Espírito familiar: “dai delicadamente, juntai  ao benefício que fizerdes o mais precioso de todos os benefícios: o de uma boa palavra, de uma carícia, de um sorriso amistoso… Considerai que, fazendo o bem, trabalhais por vós mesmos e pelos vossos”.

Aduz S. Vicente de Paulo: “homens de bem, de boa e firme vontade, uni-vos para continuar  amplamente  a  obra  de  propagação  da caridade; no exercício mesmo dessa virtude, encontrareis a  vossa recompensa; não há alegria espiritual que ela não proporcione  já na vida presente. Sede unidos e amai-vos uns aos outros segundo os preceitos do Cristo”.

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