OS BENEFÍCIOS ACESSÓRIOS DE UMA COPA

Adellunar Marge

Uma Copa Mundial de Futebol ou uma Olimpíada, trazem certos benefícios que transcendem as disputas esportivas em si. Além do afã nacionalista que anima os países que integram a disputa, temos verdadeiras aulas de Geografia, História, Sociologia e Economia sobre os países envolvidos mas, principalmente, sobre o país sede.

Nunca se falou tanto da Rússia como nas últimas semanas. As redes de Televisão, ressaltando o excelente trabalho da Globo, têm feito uma verdadeira radiografia cultural do país e da nação russa, mostrando os mais diversos aspectos de uma cultura com raízes nos Mongóis e nos diversos povos eslavos que durante tantos séculos habitaram aquelas planícies geladas e forjaram a Rússia atual.

A Rússia dos Czares teve diversos matizes. Algumas vezes menos autoritários, outras vezes violentos como no séc. XVI, com “Ivã o Terrível”. Algumas vezes com figuras apagadas como Pedro (não o Grande) ou verdadeiras estadistas como Catarina II. Mas o luxo daqueles palácios e monumentos permanecem como lembrança da arquitetura de uma época, principalmente da linhagem dos Romanov, a última do czarismo. O próprio nome “Czar”, equivalente ao alemão “Kaizer”, deriva do latim “César”, e se identifica com o autoritarismo da Roma antiga.

O trabalho de levantamento cultural da Rússia, realizado pela Rede Globo foi mesmo excelente, abrangendo a arte, a culinária e os hábitos diários do povo russo. Até brasileiros de ascendência russa que vivem atualmente naquele país na atividade agrícola foram entrevistados. Passamos a conhecer um pouco mais de um país que, fechado por mais de setenta anos por uma “Cortina de Ferro”, permanecia incógnito para os ocidentais.

A cultura russa sempre foi muito sólida e de extrema influência nos países ocidentais. É muito difícil não se ter conhecimento de músicos como: Tchaikovsky, Prokofiev, Rimsky-Korsakov ou Rachmaninoff; de escritores como: Dostoiévsky ou Tolstoi; de teatrólogos como: Tchekov ou Stanislavsky e muito menos do famoso Ballet Bolshoi, de Moscou.

Faltou apenas que as equipes de pesquisas das emissoras de TV, principalmente da Rede Globo, tão ciosa em seus trabalhos, abordassem o período negro da história russa, que se inicia com a subida ao poder de Stalin em 1927 e sua morte em 1953. Um período em que Stalin, sempre assessorado pelo sanguinário Lavrentis Béria, promoveu a morte de mais de 20 milhões de cidadãos russos, inaugurando um longo regime de terror com expurgos, execuções sumárias e incremento dos famosos GULAGS, que eram Campos de Concentração com trabalhos forçados, espalhados por várias regiões da Rússia, mas localizados principalmente nas geladas planícies siberianas, para onde eram mandados os dissidentes políticos, escritores não alinhados com o regime ou qualquer cidadão que discordasse do governo.

Após a morte de Stalin em março de 1953, vitimado por um Acidente Vascular Cerebral, ocorreu a inevitável luta pelo poder, assumindo o posto Nikita Krutchev que, juntamente com o Marechal Zukhov, o Partido e o Exército, prenderam o sanguinário Lavrentis Beria e o executaram em 23 de dezembro do mesmo ano de 1953.

Em meados de 1985, Mikhail Gorbachev promove a abertura social, política e econômica na Rússia, implantando a Glasnost (transparência, em russo) e a Perestroika (reestruturação, em russo). Era o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

Seria bom se as reportagens nesse período pré-Copa do Mundo tivessem abordado esses aspectos importantes do grande país russo. Foi um período trágico, sim, mas faz parte da história daquela grande nação eslava.

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