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A arte como expressão humana

Sempre foi parte integrante do próprio homem tentar expressar os seus sentimentos através da arte. Tanto na música, na poesia, na linguagem em prosa ou nas artes plásticas como a arquitetura, a pintura e a escultura, o homem expressa o seu sentimento tentando comunicá-lo ao seu semelhante. Se levarmos em conta que nas eras primitivas o homem (não o homem em seu sentido genérico, mas o macho) passava o tempo caçando ou lutando com tribos rivais e as mulheres é que permaneciam mais tempo no abrigo das cavernas, as pinturas rupestres devem ter sido obras de mulheres. Então, as artes plásticas devem ter sido uma criação das mulheres, generalizando-se com o passar do tempo entre ambos os sexos.

De qualquer modo, a arte passou a ser uma instância de criação de homens e mulheres em todas as suas formas de expressão. Se temos o gênio de Agustin Lara ao compor “Noche de Ronda”, temos Consuelo Velasquez compondo o inesquecível bolero “Besame Mucho”. E assim, na pintura, na escultura e na literatura.

O entalhe em madeira é uma dessas manifestações artísticas de grande beleza e praticado desde longa data. A estatuária religiosa e os altares barrocos são alguns desses exemplos, executados principalmente em cedro. O entalhador, munido de várias espécies de formões e dotado de muita criatividade, reproduzia na nobreza do cedro a obra que concebia com o seu gênio criador.

A tecnologia foi munindo o homem de ferramentas cada vez melhores para o seu trabalho e fazendo das ferramentas uma extensão de suas mãos. O homem ia eliminando os limites e exercitando a sua criatividade. Mas nada superava a habilidade do instrumento natural do homem para o exercício da criação, ou seja, para a sua efetivação na práxis, que eram as suas mãos. A mão humana, capaz de manusear uma pesada cavadeira ou a precisão de um bisturi em um minúsculo corte, é, sem dúvida, o instrumento mais perfeito de que o homem foi dotado.

Mas aí a tecnologia extrapolou e criaram a máquina de entalhar madeira. O homem municia a máquina computadorizada com um desenho, e ela, através de brocas de variados estilos, executa a obra, entalhando com fidelidade e perfeição absoluta a obra proposta. Rostos, bustos, paisagens ou os desenhos mais intrincados são reproduzidos em peças de mogno, cedro, óleo vermelho e até no tenaz jacarandá.

É claro que a tecnologia vem para beneficiar o homem e ela própria é uma criação e realização do homem, mas a arte deve ser sempre única. Cada obra é uma realização solitária e pessoal do artista, e quando fabricada em série, perde a sua alma, ou sua essência de obra de arte.

Consultando a internet, encontramos ainda muitos entalhadores que executam trabalhos excelentes em madeira. São verdadeiros artistas no manuseio de formões. Mas têm tomado conta desse tipo de arte os entalhes em máquinas computadorizadas, capazes de fabricar com rapidez as mais variadas peças, nos mais variados tipos de madeira. As obras são bonitas de se ver, por sua perfeição e acabamento, mas o executor jamais poderá ser chamado de artista ou entalhador. É um competente operador de máquina que apenas posiciona o bloco de madeira e aciona o interruptor. A diferença é que essas obras fabricadas em série podem até agradar aos olhos num primeiro momento, mas jamais despertarão em quem a contempla a emoção estética.

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