Editorial
Para quem tem o hábito de ver os noticiários da TV, especialmente aqueles telejornais policiais de final de tarde e início de noite, já deve ter percebido tudo o que esse tipo de programa faz, com o objetivo de conquistar alguns pontinhos a mais de audiência do telespectador. Afinal, os programas de televisão vivem exclusivamente da audiência e tudo fazem para alcançar o seu alvo principal, que é o público.
Todos nós sabemos que a violência urbana, principalmente nos grandes centros, é uma doença crônica que sempre foi, e será ainda por muito tempo, debatida por antropólogos, sociólogos, psicólogos e vários outros estudiosos do comportamento humano, por conta das questões sociais que envolvem o tema.
Embora seja uma realidade existente no nosso meio e que faz parte do dia a dia de todos nós, ninguém suporta mais ouvir falar de crimes, mortes, assaltos, sequestros, estupros, etc. São crimes de alto grau de violência, na maioria das vezes, relatados e mostrados ao vivo pelos tais programas. Considerando a forma como eles são conduzidos, parece que não existe outro assunto de importância no país a ser tratado.
Os órgãos de imprensa que detêm o direito e acesso às informações, têm o dever de bem informar a população. Entretanto, não há dúvida de que devem ter os cuidados necessários para que, ao invés de levar apenas a informação ao público, estar correndo o risco de resultar numa forma de incentivo à prática de crimes por indivíduos que já têm as suas tendências criminosas.
A liberdade de imprensa é um direito consagrado na Constituição, mas, olhando por esse prisma, a publicidade excessiva e mal dirigida de fatos delituosos, principalmente os não punidos exemplarmente, pode ser uma “faca de dois gumes” e até constituir-se numa apologia ao crime.