No dia 27 de maio de 2023, um sábado à noite, o Shopping Boulevard em Muriaé, foi palco de um evento revolucionário. A Pret@ de Fibra e o Coletivo Preta SOU – Mulheres Negras de Muriaé, promoveram uma noite de reflexões e celebração. O objetivo era claro: combater o racismo estrutural que afeta as mulheres negras em nossa sociedade e desta vez, a maneira encontrada foi um belíssimo e emocionante desfile de modas para o lançamento das lingeries da marca Pret@ de Fibra.
Em um momento de grande orgulho para Muriaé, conhecida como Polo da Moda na Zona da Mata Mineira, a cidade tornou-se também uma referência na América Latina na produção de lingerie para mulheres negras. A grife dá visibilidade às mulheres pretas, que em diferentes cores, tons, formatos e tamanhos, se uniram para construir uma sociedade que respeite as diferenças e valorize a experiência plena da diversidade de gênero e étnico-racial.

As idealizadoras da marca e responsáveis pelo seu conceito e desenvolvimento foram Iris Amâncio e Alice Amâncio. Mãe e filha explicaram a proposta durante a leitura de um manifesto no momento do desfile. “Essas mulheres negras, seres humanos completos e conscientes, se autodenominaram inovadoras, politizadas e empreendedoras, portadoras de uma sabedoria ancestral única. Criativas, ousadas, profissionais e superfashion, elas se cuidam a si mesmas e aos seus, rejeitando a naturalização do racismo. Exigem lingerie que represente a cor de sua pele, pois não abrem mão de nenhum de seus direitos e exigem respeito por sua forma de ser. Suas vozes ecoam amor pela vida, pelo mundo e por sua ancestralidade”, destacaram.
“A importância desse evento foi clara: combater o racismo estrutural que marginaliza e oprime as mulheres negras. O racismo, infelizmente, persiste e se recusa a reconhecer sua humanidade. Ele tenta silenciar suas vozes, violentar seus corpos e negar sua existência. No entanto, essas mulheres afirmam com firmeza que o racismo jamais impedirá sua liberdade de ser. Elas são mulheres e negras por escolha e por natureza. Não aceitam mais serem privadas nem mesmo de calcinhas e sutiãs que combinem com sua pele”, completaram.
O evento foi um marco na luta contra o racismo e um exemplo inspirador para todos. Amor, autocuidado e nude são palavras-chave que ecoaram na noite de moda e reflexões. A Pret@ de Fibra e o Coletivo Preta SOU demonstraram que é possível resistir, conquistar espaços e construir uma sociedade mais justa, respeitando a diversidade étnico-racial e de gênero.
O processo de produção começou com a pesquisa de tecidos, cores e tons e passou por várias etapas como: formação e orientações pelo Sebrae e CDL-ACE (Muriaé), busca de parceiros comerciais, definição de modelagem anatômica para mulheres negras. produção de peças piloto, realização de ensaios fotográficos , alcance do MVP (Produto Mínimo Viável) e lançamento do produto.
A etapa inicial de pesquisa e desenvolvimento do projeto contou com o apoio do Sebrae-Muriaé, do Festival Latinidades e do Financiamento Catarse. A iniciativa foi acolhida pela confecção Fruto Proibido e o lançamento realizado em parceria com o Shopping Boulevard, as lojas ZUZAKA e AREZZO, Escolas FISK, Nice Festa Decoração, Global Fest Iluminação e Sonorização, Escola de Samba Santa Terezinha, Casa Nandy, Agência Amió e Rádio Muriaé.
Participaram do desfile mulheres negras integrantes do Coletivo PRETA SOU: Walkyria Mansôr,
Marinqui de Paula, Martha Oliveira, Jandiara Alves, Karynne Sales, Sabrina Policarpo,Karene Correa, Paula Versiani, Edilaine Oliveira, Luany Dias, Raquel Campos, Karen Daineze e Iris Amâncio.