O problema vem do nome, mas tem solução

Foi Gonçalo Barreto quem, atendendo a um pedido de Guido Marlière,  financiou a expedição de Constantino Pinto até a região dos ribeirões: “Sargento João do Monte” e “Robinson Crusoé”.  Penetrar naquelas matas fechadas, principalmente naqueles meados do século dezenove não era coisa fácil. Era considerada uma zona proibida, pois acreditava-se que por ali existiria muito ouro. Quando aqui chegaram descobriram que o rio formado pelos dois citados ribeirões já possuía um nome, dado pelos índios Purís que habitavam o local. Os índios chamavam o rio de “Muru-aé” ou Meru-aé” que em Tupi significaria mosquitos que afligem, mosquitos que atacam.

Segundo Salvador Pires e outros especialistas na área, “Meru-aé” deve ter sua origem na composição de: “mbir”= pele + “ú”= morder ou picar + “aé” = diferente, outro.

O certo é que aqueles primeiros aventureiros que aqui chegaram conheceram na pele os conhecidos mosquitos que ainda hoje infestam a nossa cidade.

Bem antes daqueles aventureiros algumas pessoas de renome passaram pela região ocupada hoje por nosso município, lá pela metade do século dezoito. Um deles foi o Imperador Maximiliano, do México, com o seu estranho espírito de aventura. Chegou até a registrar em seu diário ter encontrado rústicos engenhos de açúcar às margens do nosso rio. Outro personagem que por aqui esteve foi o nosso Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes que teria vindo para examinar a potencialidade aurifica da região. Esses dois personagens devem ter experimentado também a agressividade dos nossos mosquitos.

Muriaé cresceu muito desde então, desenvolvendo-se cultural e economicamente. Hoje somos uma das mais importantes cidades do Estado, com destaque na Educação, na Medicina e na própria Economia. Mas, saudosistas que somos, não conseguimos abrir mão dos nossos mosquitos. É difícil uma cidade com maior número de pernilongos por metro quadrado do que a nossa.

Naqueles longínquos tempos da fundação da cidade era até compreensível. Mas o que provoca essa presença tão grande de mosquitos em nossa cidade nos dias atuais? Uma presença que carrega consigo a preocupação com a Dengue, a Chikungunya e outros males, além da sinfonia em tom maior das “mosquitas” e da irritação provocada por sua picada. É que a natureza, para evitar que o sangue coagulasse dentro da tromba da coitadinha, dotou-a de um eficiente anticoagulante que ela injeta antes de sugar, mas que provoca aqueles calombos notáveis de alergia.

São muitas as causas dessa presença tão grande de pernilongos em nossa cidade. A educação urbana no descarte do lixo, por exemplo, é uma delas. As margens do nosso rio, os bueiros das vias públicas repletos de sacolas plásticas com lixo são formas lamentáveis de convivência urbana. Mas não podemos esquecer a responsabilidade do Poder Público nos serviços de saneamento.

O leito do rio Muriaé está tomado por entulhos, matos e descartes de toda a espécie. Os poções formados nos remansos dos entulhos são excelentes criatórios de pernilongos que eclodem de seus férteis ovos e vêm zumbir nos ouvidos da população e sugar o seu sangue em poderosas picadas. Os bueiros, em grande parte com suas grades fixas e sem a possibilidade de abertura para limpeza, ficam repletos de entulho esperando a próxima chuva para alagar as ruas.

Se o poder público desse o exemplo de cima, por certo seria uma grande contribuição pois o rio Muriaé limpo, inibiria a população de jogar seu lixo dentro dele. É da natureza humana sujar ainda mais o que já está sujo e manter limpo o que está limpo.

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