O futebol arte

Depois da despedida melancólica da Seleção brasileira de futebol da Copa América, não tem como não recordar os saudosos tempos em que o nosso país ditava as regras nesse esporte que, inventado pelos ingleses, encontrou na América do Sul, e principalmente no Brasil, o seu lugar de maior destaque.

As insuperáveis seleções de 1958 e 1970, sem dúvida alguma as melhores seleções de futebol já formadas em nosso país, romperam fronteiras e lançaram o nome do Brasil em todas as partes do mundo. Belini, Orlando, Vavá, Didi, Pelé, Rivelino, Jairzinho e tantos outros que, em uma ou outra dessas seleções, escreveram seus nomes na história do futebol brasileiro e mundial. Era uma época de ouro.

Nessas épocas, o Vasco da Gama não era conhecido apenas como o grande navegador português, mas era o “Expresso da Colina”, dono de um dos mais belos e tradicionais estádios do país e da América Latina, o famoso Estádio de São Januário. Uma agremiação que teve a coragem e a ousadia de introduzir em seu elenco de futebol, pela primeira vez, jogadores negros, contrariando a elite carioca do futebol. Dali surgiram grandes nomes do futebol brasileiro que conquistaram títulos inesquecíveis, tais como: Barbosa, Danilo, Ademir Menezes, Maneca, Vavá… e tantos outros.

No dia 16 deste mês, o Vasco da Gama comemorou 59 anos do seu Bicampeonato Mundial de Clubes, conquistado em Paris, em 1957.

No dia 4 de julho de 1953, o Vasco conquistava o seu primeiro título de Campeão Mundial de Clubes. Os jogos aconteceram no Rio e em São Paulo, e participaram do campeonato os seguintes times: Olímpia (Paraguai), São Paulo, Corinthians, Botafogo e Vasco da Gama (Brasil), Sporting (Portugal), Hibernian (Escócia) e Nacional (Uruguai). As maiores potências do futebol mundial na época. A final foi entre o Vasco e o São Paulo, jogo vencido pelo Vasco por 2 x 1, com dois gols de Pinga para o Vasco da Gama e um de “Pé-de-Valsa”, para o São Paulo.  Dirigido pelo técnico Flávio Costa, a equipe de Vasco jogou com: Ernani, Augusto e Haroldo, Eli, Danilo e Jorge, Sabará, Maneca, Ipojucan, Pinga e Dejair.

Em 1957, a França promoveu o segundo Campeonato Mundial entre Clubes, que teve três edições em Paris, nos anos de 1957, 1958 e 1959. Logo na estreia, o Vasco venceu o Racing Club de Paris, campeão europeu naquele ano, pelo placar de 3 x 1, no Estádio Parc de Prince. Os gols foram marcados por Livinho, Pinga e Vavá, pelo Vasco. Na final do campeonato, a poderosa equipe da Colina enfrentou e venceu, por 4 x 3, o temido time do Real Madrid, que havia sido tricampeão europeu um ano antes. Nesse jogo final marcaram para o Vasco: Sabará, Vavá, Walter e Livinho e para o Real Madrid: Di Stefano, Mateus e Kopa. Para quem não se lembra, o Vasco jogou com: Carlos Alberto, Dario e Viana, Laerte, Ortunho e Orlando, Sabará, Livinho, Vavá, Walter e Pinga e o Real Madrid com: Alonso, Torres e Marquitos, Lesmes, Muñoz e Ruiz, Mateus, Kopa, Di Stefano, Rial e Gento.

São memórias de um tempo do futebol clássico, mas que, sem dúvida, deixaram saudades, não só pelos títulos conquistados, mas pela técnica e encanto com que era praticado.  Ninguém teria mais garra do que Vavá, o “Leão da Copa”, dentro da grande área; ninguém teria mais perícia ao cobrar uma falta do que Walter Marciano que, vendido ao Atlético de Madrid, morreu em um trágico acidente de carro na Espanha. Lembrei-me desses craques ao ver a atual Seleção brasileira se despedir da Copa América eliminada pelo modesto time do Peru.

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