Espelho & tela

A espontaneidade no bem estabelece a caridade real

“A humanidade dispensa quem a censure, mas necessita de quem a estime.” – André Luiz

A questão do julgamento ficou muito clara quando, no Sermão da Montanha, Jesus enunciou : “não julgueis, e não sereis julgado. Com  a mesma medida com que medirdes também vos medirão”.

Naturalmente o Mestre Maior não estava lançando anátema no trabalho de quem é obrigado a arbitrar sobre a conduta alheia. Há que se atentar para “o espírito que vivifica” e não para a “letra que mata”.

Ensina o Mestre Lionês : “não é possível que Jesus haja proibido se  profligue o mal, uma vez que Ele próprio nos deu  o  exemplo, tendo-o feito, até, em termos enérgicos. O que quis significar é que a autoridade para censurar está na  razão direta  da autoridade moral daquele que censura. Tornar-se alguém  culpado daquilo  que  condena  noutrem  é  abdicar  dessa  autoridade,  é privar-se do direito de repressão. Aos olhos de Deus, uma única autoridade  legítima existe: a que se apoia no exemplo que dá  do bem”.

Quando Se dirigiu à multidão prestes a apedrejar  a  mulher flagrada em adultério,  desarmando-a  com  a célebre frase registrada por João o Evangelista no capítulo  oito versículo  sete,  outro  significado  podemos  extrair   daquelas palavras: a necessidade, ou melhor o dever de “adocicar” qualquer julgamento no suave aconchego da indulgência.

“Pois ninguém há que não necessite dela” – afirma Kardec, e continua2:     “a indul-gência nos  ensina  que  não devemos julgar com mais severidade os outros, do que nos julgamos a  nós  mesmos,  nem  condenar  em  outrem  aquilo  de  que   nos absolvemos. Antes de profligarmos a alguém uma falta,  vejamos se a mesma censura não nos pode ser feita.”

O reproche lançado à alheia conduta só pode obedecer a um único e exclusivo motivo: reprimir o mal. Fora disso é pura impiedade sem escusa.

Convida-nos André Luiz : “sejamos indulgentes! Se erramos, roguemos perdão; se outros erraram, perdoemos…

A luz da alegria deve ser o facho continuamente aceso na atmosfera da experiência.  A mágoa não tem razão justa e o perdão anula os problemas, diminuindo complicações e perdas de tempo. É assim que a espontaneidade no bem estabelece a caridade real.

Quem não conhece as próprias imperfeições demonstra incoerência em si mesmo.   Quem perdoa, desconhece o remorso.

Aprendamos com o Evangelho, a fonte inexaurível da verdade. Saibamos refletir o mundo em torno, recordando que, se o espelho, inerte e frio, retrata todos os aspectos  dignos e indignos à sua volta, o pintor, consciente e respeitável, buscando  criar  atividade superior, somente exterioriza na pureza da tela os ângulos nobres e construtivos da vida”.

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