Caso Luiz Carlos: inquérito aponta esposa como mandante do homicídio
Pelo menos duas pessoas estariam envolvidas diretamente na morte de Luiz Carlos Pires Secunho, de 53 anos, funcionário do INSS, agência Muriaé, morto violentamente na garagem do prédio onde morava, na Avenida Comendador Freitas, no Centro, na noite do dia 28 de julho de 2013. De acordo com o delegado responsável pelo caso, Eduardo Freitas, da 31ª Delegacia de Polícia, as investigações apontam a esposa da vítima como mandante do crime, R. C. G, de 41 anos, e um morador da cidade de Barão do Monte Alto, J. F. D., de 45 anos, aparece como o executor. “Porém, acreditamos que outras pessoas também estariam envolvidas no fato”, afirma Eduardo Freitas.
A motivação seria interesse patrimonial. Segundo o delegado, a mulher da vítima queria ficar com todos os seus bens. A viúva teria conseguido transferência do veiculo de Luiz Carlos para o nome dela e também está fazendo jus à pensão. “Nós apuramos que a motivação foi o desejo por parte da esposa da vítima de se apoderar do patrimônio de Luiz Carlos. Ela, inclusive, já havia aplicado um golpe no marido, no qual comprou um apartamento dele, sem ele saber que estava vendendo para ela, pagou com o dinheiro dele e não lhe repassou a metade do valor, ao qual ele tinha direito. Ou seja, ele foi lesado duas vezes na mesma negociação”, relata Eduardo Freitas.
O delegado afirmou também, durante entrevista coletiva concedida à imprensa na manhã de segunda-feira (7), na sede da 4ª Delegacia Regional de Polícia Civil, no bairro Safira, que o inquérito derrubou a tese inicial de latrocínio (roubo seguido morte), provando que a vítima foi alvo de uma emboscada. Luiz Carlos foi morto com vários golpes de faca.
Na época, a viúva relatou que na noite do crime, o casal chegava do município de Eugenópolis, e segundo ela, deixou o marido na garagem enquanto subia ao apartamento para se trocar e que, cerca de 20 minutos depois, retornou e encontrou Luiz caído, ensanguentado e já sem vida. Seu corpo foi encontrado em meio a muito sangue, com marcas de facadas no tórax; o rosto estava desfigurado, aparentando ter sido batido várias vezes contra uma pilastra da garagem.
Em 2014, a Polícia Civil realizou a reconstituição do crime com base na versão da esposa de Luiz Carlos, que foi convidada, mas que não compareceu e teria apresentado um atestado médico alegando problemas psicológicos. A filha da vítima esteve no local e foi embora poucos minutos depois do começo da simulação. O objetivo principal da versão simulada do homicídio foi conferir o que foi narrado nas oitivas colhidas na época do crime e ainda elucidar alguns detalhes e comparações que pudessem ajudar a polícia a chegar à autoria do homicídio.
Os suspeitos estão sendo indiciados por homicídio qualificado – traição e emboscada e mediante paga promessa de recompensa. O inquérito será remetido ao Ministério Público nesta terça-feira (8), que poderá fazer a denúncia à Justiça, pedindo que ambos virem réus em uma ação penal. Sobre uma prisão preventiva dos suspeitos, o delegado afirma que “não entende, neste momento, a necessidade da representação por medida preventiva, só que nada impede uma decisão contrária da Justiça”.
Segundo o delegado, os suspeitos negam as acusações, porém, a viúva de Luiz Carlos apresentou versões que não se confirmaram e foram desmentidas por pessoas ouvidas durante o inquérito sobre a sequência dos fatos na noite do crime e que a quebra de sigilo telefônico, ordenada pela Justiça a partir de solicitação do primeiro delegado que esteve à frente do caso, Glauco Seguro, mostram várias ligações entre os números da mulher apontada como a mandante do crime e o suposto matador em diversas datas, inclusive poucas horas antes dos fatos e depois do homicídio. O delegado contou, também, que, em depoimento, o suposto executor alegou que seu celular havia sido furtado cerca de um mês antes do crime. “O que é estranho é uma pessoas ter o aparelho furtado e não tomar medidas para bloquear ou cancelar a linha”, pondera.
Outro ponto que não convenceu o delegado foi o relato da mulher de que ao achar o marido caído na garagem, pensou que ele pudesse ter se sentido mal. “Pelas sérias lesões que a vítima apresentava e com tanto sangue, era impossível para qualquer pessoa em condições mentais normais não perceber que ela havia sofrido um ataque violento”, conclui.