A Notícia Esportiva 13/12/2019
Nacional vai estrear no Módulo II 2020 contra o Serranense, fora de casa
A Federação Mineira de Futebol divulgou na última sexta-feira (5 de dezembro) a tabela oficial do Módulo II de 2020. O Nacional de Muriaé vai estrear no dia 8 de fevereiro (sábado), às 16h, contra o Serranense, fora de casa.
Por ter feito uma boa campanha em 2019, quando foi eliminado na semifinal pelo Coimbra, o NAC terá o benefício de jogar seis partidas em casa, enquanto serão cinco fora de seus domínios.
O primeiro jogo em Muriaé está marcado para o dia 15 de fevereiro, contra o Pouso Alegre. A última partida da primeira fase está prevista para o dia 18 de abril e vai ser em casa, contra o Athletic.
Será a sexta participação seguida do Nacional no Módulo II, o qual disputa desde 2015, sem ainda ter conseguido chegar ao acesso para a elite do futebol mineiro. A última participação nacionalina na 1ª divisão foi em 1980.
Serão 12 equipes disputando o Módulo II. Pelo regulamento da competição, na primeira fase as equipes se enfrentam em turno único, totalizando 11 rodadas. As quatro mais bem colocadas passam para o Quadrangular Final, enquanto as duas piores serão rebaixadas. Na segunda fase, os quatro times se enfrentam em jogos de ida e volta, em um total de 6 rodadas. Os dois primeiros sobem para o Módulo I.
OPINIÃO
Roteiro
Há alguns fatores em comum que ligam as campanhas de clubes grandes que experimentam o amargo sabor do rebaixamento. Dentre outros, pode-se citar: bagunça administrativa, atrasos de salários, problemas de relacionamento entre elenco e/ou comissão técnica, trocas constantes de treinadores…. É como se fosse um roteiro, que, se cumprido à risca, invariavelmente leva à queda.
Todos esses elementos estiveram presentes no Cruzeiro em 2019, ano que ficará marcado para sempre como aquele em que o clube celeste foi rebaixado pela primeira vez em sua história.
A queda para a Série B do Campeonato Brasileiro faz com que o Cruzeiro deixe o seleto grupo de times que nunca foram rebaixados na competição. Tal orgulho passa a ser compartilhado apenas por Flamengo, Santos e São Paulo. Um adendo: o clube carioca passa a ser o único a ter disputado todas as edições do Brasileirão desde 1971. Apesar de nunca terem caído, São Paulo e Santos não jogaram a edição de 1979, uma vez que optaram por disputar o Campeonato Paulista, que conflitava em datas com o Brasileirão naquela oportunidade.
Mas voltemos ao Cruzeiro. Não havia ninguém que, no começo de 2019, apontasse para a equipe mineira como uma postulante ao rebaixamento. Mais ainda: não havia também sequer um comentarista que colocasse o clube celeste como ameaçado de descenso no início do próprio Campeonato Brasileiro.
Vindo de duas conquistas seguidas da Copa do Brasil, dono de uma das maiores folhas salariais do futebol brasileiro, e com bons resultados no primeiro semestre (campeão estadual e segunda melhor campanha de toda a primeira fase da Libertadores), o Cruzeiro era visto como um dos favoritos ao título ou, no mínimo, a uma das vagas na Libertadores para o ano seguinte.
Mas algo deu muito errado no meio do caminho. Ou melhor, uma soma de fatores contribuiu para o descarrilamento do trem celeste. O primeiro motivo que pode ser apontado para o rebaixamento no Brasileiro foi o desprezo inicial pela competição. Quando o campeonato começou, o Cruzeiro disputava a Libertadores e a Copa do Brasil. Acabou optando por privilegiar esses torneios e disputou várias partidas com o time reserva no começo do certame. Muitos pontos perdidos, que acabaram fazendo falta mais tarde…
Mas isso por si só não explica a queda para a segunda divisão. Afinal, a estratégia de poupar jogadores no início do Brasileiro já havia sido adotada em anos anteriores e o resultado final nunca passou perto do que se viu nesta temporada.
Passemos então para o segundo motivo e este talvez o grande responsável por tudo que viria depois: no dia 26 de maio, o programa Fantástico, da Rede Globo, exibiu uma extensa matéria apontando diversas irregularidades na administração do clube. A notícia caiu como uma bomba. O Cruzeiro perdia credibilidade e os diretores ficaram na berlinda. Passou a faltar comando. Toda as ações passaram a ser vistas com desconfiança…
O discurso entre jogadores e comissão técnica era de tentar isolar os problemas fora de campo, para que não interferissem dentro dele. Mas diante do cenário de caos, isso foi impossível.
Salários passaram a atrasar, coisa que não era comum no clube mineiro. As vitórias viraram coisa rara. Sobrou para o técnico Mano Menezes, que foi demitido após passar mais de dois anos no comando técnico da equipe.
Para o seu lugar, a diretoria foi buscar Rogério Ceni, de excelente trabalho no Fortaleza. Mas a passagem de Ceni pela Toca da Raposa durou pouco. “Engolido” pelos medalhões do elenco, Rogério optou por sair.
O Cruzeiro foi então de Abel Braga. Experiente, estilo “paizão” e apaziguador de vestiários, Abel parecia ser o nome perfeito para livrar o time de qualquer ameaça. Mas em 14 jogos, o time empatou muito (oito) e ganhou pouco (três). Mais um técnico demitido…
Cada vez mais desesperado, faltando três rodadas para o término do Brasileirão, a tentativa em Adilson Batista era mais para chacoalhar o elenco do que qualquer outra coisa. Vindo de maus trabalhos em trabalhos recentes, Adilson não conseguiu sequer um ponto e não evitou a queda inédita para a Série B.
Quatro treinadores na mesma competição, problemas dentro e fora de campo…. Como já dito, cenário perfeito para o rebaixamento.
O clube agora precisa se reinventar. Com um time caro e com uma queda vertiginosa de receita (só de cota de televisão, deve sair de R$ 80 milhões para R$ 10 milhões), uma revolução é esperada na Toca da Raposa nos próximos dias.
A conta uma hora chega e ela chegou para o Cruzeiro. É necessário, mais do que nunca, olhar para sua torcida e pedir a ajuda dela. Mas antes, precisa fazer uma limpeza geral administrativa para recuperar a credibilidade e confiança.
Cair para a Série B não é fim do mundo, vários gigantes já experimentaram essa dor e voltaram mais fortes. É o caminho que o Cruzeiro precisará trilhar, na esperança de voltar a ter dias melhores.