A Democracia, a nossa maior conquista
Desde a Revolução de 31 de março de 1964, já são contados mais de 55 anos, cujos dados já constam dos livros da rica História deste nosso Brasil.
Nos mais de vinte anos do governo militar, que poucos ousam dizer que têm saudades, passaram pela presidência, pela ordem, o Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, os generais Artur da Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel, e, por último, João Batista de Oliveira Figueiredo, que deu continuidade à abertura política para se construir a redemocratização do país, iniciada no governo Geisel.
Durante mais de 20 anos de regime militar, o país foi marcado pelo autoritarismo e pela repressão. Para se evitar uma oposição forte, a tônica do período era a utilização de atos institucionais e de emendas à Constituição, com episódios de fechamentos do Congresso e a supressão dos direitos políticos de centenas de brasileiros como parlamentares, sindicalistas, intelectuais, com perseguições policiais e militares, que culminavam sempre em prisões e torturas.
Fiz este preâmbulo apenas para lembrar uma parte da História deste país que muitos jovens não viveram, mas que ficou marcada pelos horrores.
Têm sido publicadas de forma bastante contundentes as retóricas do capitão presidente, ou do presidente capitão, como queiram, e todo o seu entorno, criando climas propícios para uma desconfiança geral da população. A continuar a maneira pouco republicana de desrespeito às instituições, a nossa jovem democracia poderá sofrer um sério retrocesso. Quem está ligado e viu o vídeo do Rei Leão cercado por hienas famintas, representadas por instituições como o STF, partidos políticos e órgãos de imprensa independente, percebeu que potenciais crises provocadas de graça pelo governo são uma ameaça ao estado democrático de direito. Em outra ponta, a entrevista do deputado Eduardo Bolsonaro defendendo a volta de um novo AI 5 para conter um eventual levante esquerdista é, sem dúvida, uma atitude fora de propósito que ultrapassa as raias da irracionalidade. Esse tipo de comportamento, tanto do pai, Jair Bolsonaro, quanto dos seus filhos protegidos têm sido frequentes e em nada contribui para reforçar as nossas instituições, muito pelo contrário.
Eles precisam entender o que é uma democracia. E aí vai uma receita dos dicionários: a Democracia é um regime político em que todos os cidadãos elegíveis participam igualmente, diretamente ou através de representantes eleitos, na proposta, no desenvolvimento e na criação de leis. Ela abrange as condições sociais, econômicas, e culturais que permitem o exercício “livre e igual” (grifo nosso) da autodeterminação política. Dentro desse entendimento, inclui-se também a imprensa livre, a liberdade de expressão e o sagrado direito que a sociedade tem de ter acesso à informação, direitos constitucionais que os radicais tanto de esquerda como de direita parecem detestar.
Portanto, qualquer atitude que venha ferir as nossas instituições, deve ser repudiada pelo povo, porque a nossa Democracia foi a nossa maior conquista.