Universo e solidão

É muito difícil compreender a imensidão do universo em que estamos inseridos. Mesmo não possuindo ainda equipamentos adequados para vislumbrarmos os bilhões de estrelas que vagueiam por um espaço que nos parece infinito, a inteligência humana, através das pesquisas de milhares de cientistas, pode fornecer uma vaga ideia do gigantesco e maravilhoso mundo dos corpos celestes luminosos ou iluminados que transitam pelos céus. Uma imensidão que, embora maravilhosa, remete-nos à inquietante pergunta se estamos, nós, os habitantes do planeta Terra, sozinhos nesse Universo todo.

Segundo as pesquisas científicas, apenas no que se refere ao Universo visível, cuja luz chega até nós neste minúsculo planeta em que vivemos, existem aproximadamente 100 bilhões de Galáxias com cerca de 100 bilhões de estrelas cada uma. Ora, só aí teríamos uns 10 sextilhões de estrelas, ou seja: 10, seguidos de 21 zeros. O número é tão assustador que até os dicionários vacilam na grafia correta, se é com “lh” ou com “li” que se escreve sextilhões.

A nossa Via-Láctea está aí, compondo esse Universo e ainda que tenha cerca de 100.000 anos-luz de diâmetro, não está entre as maiores Galáxias e o nosso minúsculo Planeta Azul, orbitando em torno do nosso Sol, ocupa um modesto lugar em sua periferia, distante muitos anos-luz do seu centro, onde a luz e a quantidade de astros é muito mais intensa.

A própria razão humana, sempre inquieta em suas indagações, entende ser impossível sermos os únicos seres inteligentes nesse mundão todo. Seria, no mínimo, muito espaço para tão poucos apreciadores ou usuários.

Desde as primeiras décadas do séc. XX cientistas têm procurado com mais ênfase e melhor técnica por planetas semelhantes à Terra que pudessem propiciar a existência de vida, ainda que em forma elementar. Uma bactéria ou um vírus que fosse, já seria alentador. Em novembro de 2013 astrônomos relataram, com base em dados emitidos pela missão espacial Kepler,  que poderia haver, somente na Via-Láctea, cerca de 40 bilhões de planetas do tamanho da Terra e que 11 bilhões desses planetas poderiam estar girando em torno de estrelas semelhantes ao Sol. Segundo os cientistas, o planeta desse tipo mais próximo de nós estaria a uns 12 anos-luz de distância. Como Ano-luz é uma unidade de distância e equivale a 10 trilhões de km. o tal planeta estaria 120 trilhões de km. distante de nós. Bem mais longe do que de Muriaé a Miradouro naquele antigo ônibus do Ju.

Pelo chamado “Princípio de Copérnico”, a Terra não ocupa uma posição especial no Universo. Não há nada de especial em nosso planeta que não possa existir também em bilhões de outros e a vida pode ter surgido de modo independente em vários lugares do Universo ao mesmo tempo ou se espalhado, através da “Panspermia”, por diversos sistemas estelares.

Cerca de 95% da vida em nosso planeta tem por base seis elementos: Carbono, Hidrogênio, Oxigênio, Nitrogênio, Fósforo e Enxofre, que os cientistas batizam com a abreviatura: CHONPS.

Para os cientistas é muito difícil que em bilhões de planetas não existam esses elementos para originar a vida e ainda assim, poderiam existir vida baseada em outros elementos, um tipo de vida não necessariamente igual à que conhecemos.

Essas dúvidas e essas suposições nos dão pelo menos um alento e uma esperança. Naquelas noites de céu limpo, quando contemplamos o firmamento pleno de estrelas, sentimos, além do alumbramento, um profundo sentimento de solidão que nos inquieta a alma. Nesses momentos usamos a nossa frágil e limitada razão para buscar as respostas e quando não as encontramos, estamos prontos a substituí-las pelas fantasias que criamos e nos ajudam a superar as incertezas.

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