Delegado fala sobre a elucidação de assassinatos e faz balanço das apurações

Rangel Martino, delegado de Homicídios da 4ª DRPC
Rangel Martino, delegado de Homicídios da 4ª DRPC

O delegado de Homicídios da 4ª Delegacia Regional de Polícia Civil de Muriaé, Rangel Martino de Oliveira Paiva, fez um balanço das apurações de quatro homicídios registrados na cidade entre setembro de 2016 e março desse ano. O delegado também contou sobre a elucidação desses crimes.

CASO SILVANI e VITOR – Segundo o delegado Rangel Martino, a morte de Silvani Gomes de Oliveira, de 39 anos, está solucionada, já com os autores indiciados e a motivação esclarecida.

Silvani, conhecido como “Vanim”, foi morto a tiros no dia 30 de setembro enquanto dirigia um automóvel pela Avenida Altino Rodrigues Pereira, no bairro José Cirilo. Um rapaz que estava em uma motocicleta preta e vermelha emparelhou com o veículo e atirou várias vezes, antes de fugir sentido ao bairro Santana. Após o crime, o veículo, desgovernado, bateu em um poste e atingiu um adolescente que estava na calçada, o qual teve uma das pernas amputada. Segundo a PC, Silvani era “um conhecido traficante”, cuja área de atuação era a região do Dornelas, Cardoso de Melo, José Cirilo, Santana e adjacências.

Nesse mesmo dia, segundo contou o delegado de Homicídios, já tinha chegado a seu conhecimento de que M. L. F. pudesse ter sido o autor dessa execução, e que o mesmo teria, no passado, “trabalhado” para a vítima no tráfico. “O suspeito era, no passado, um tipo de ‘vapor’. Ele vendia a droga no varejo a mando dessa vítima. Em oportunidade pretérita, esse indivíduo [indiciado como autor do homicídio] foi preso em flagrante, oportunidade em que, em razão do flagrante, foi arrecadada uma grande quantidade de substância entorpecente e uma arma que pertencia ao ‘patrão’ traficante, e o ‘patrão’ passou a cobrar do seu antigo ‘soldado’ o valor da droga que foi perdida na autuação e também o valor da arma. Eles, que no passado eram associados ao tráfico de drogas, se tornaram inimigos, o que fez com que esse indivíduo que foi preso se associasse a outro indivíduo por demais conhecido do meio policial e desejasse a morte de Silvani, o que efetivamente aconteceu”, relata Rangel Martino, apontando a motivação do crime.

Durante as investigações da morte de Silvani, o delegado recebeu informações de que em um apartamento no conjunto residencial do bairro Dornelas 2 havia grande volume de sangue em todos os seus cômodos. Ainda foi encontrado um projétil deflagrado no chão, o que significava que havia sido efetuado, pelo menos, um disparo de arma de fogo no interior daquele imóvel, além de uma marca de disparo na parede. Porém, ninguém foi encontrado no apartamento.

Dois dias depois, no dia 19 de outubro de 2016, o corpo de Vitor Dias Batista, de 21 anos, morador do bairro Cerâmica, foi encontrado boiando nas águas da “Represa do Glória”, às margens da BR-116, próximo ao trevo de acesso ao distrito de Itamuri. Ele estava desaparecido desde o dia 16 de outubro. A motivação do assassinato seria um “crime de mando”.

Mesmo foragido, segundo Rangel Martino, o rapaz envolvido no homicídio de Silvanir não tinha cessado a prática de crimes, utilizando uma propriedade rural, localizada no distrito de São Fernando, como esconderijo, onde guardava uma expressiva quantidade de drogas, motocicletas utilizadas em crimes e armas, inclusive de calibre restrito. Ele foi preso pela Polícia Militar na noite de dia 18 de outubro, nesse sítio, durante uma operação. Houve troca de tiros com a polícia. Na época, M. L. F. foi considerado o suspeito mais procurado de Muriaé. Outro homem também foi preso, além de uma arma, 7kg de maconha, munições e dinheiro apreendidos.

De acordo com o delegado, o inquérito já foi apurado e remetido para a Justiça, e que as investigações apontaram que o executor de Vitor seria também um dos autores do assassinato de Silvanir. O acusado será indicado por homicídio, tentativa de homicídio (pelos disparos efetuados contra os policiais militares durante a prisão), tráfico de drogas, associação para o tráfico, porte e posse ilegal de arma de fogo e extorsão de menores, já que, em uma ação ousada, teria cooptado um adolescente para ir juntamente com ele ao pátio onde estava a picape apreendida, de sua propriedade, para tentar recuperar a arma – um revólver calibre 38 -, mas a mesma já havia sido encontrada pelos policiais.

Esse mesmo indiciado já era investigado pelo duplo homicídio ocorrido no dia 23 de junho de 2016 próximo à estrada que liga os municípios de Miradouro e Vieiras.

Já o inquérito da morte de Vitor Dias, segundo o delegado, será remetido em breve para o Ministério Público.

CASO HIGOR – Segundo o delegado, a motivação para esse crime estaria, também, relacionada ao tráfico de entorpecentes. Higor Souza Silva, de 17 anos, foi assassinado no dia 24 de março de 2017 com vários tiros, em uma garagem localizada em um beco da Rua Oliveira Barbosa Siqueira, no bairro São Pedro.

Rangel Martino conta que Higor, uma semana antes de ser assassinado, foi surpreendido em flagrante com mais de 60 papelotes de cocaína, 12 “buchas” de maconha e grande quantidade de dinheiro de procedência duvidosa.

As investigações apontaram um rapaz de 20 anos e um menor de 16 anos como autores do assassinato. O menor, conforme relatou o delegado, se apresentou espontaneamente à delegacia e confessou ter participado do crime, assumindo a integralidade do homicídio. “Porém, ficou evidente para a polícia investigativa que ele o fez para anistiar o seu comparsa. Não que ele não tivesse sua responsabilidade, mas temos duas testemunhas oculares dos fatos que informaram que são dois os executores. Eu tenho a plena convicção da responsabilidade desse maior que, inclusive, é autor de um homicídio em 2015 e que também é vinculado ao tráfico de drogas do bairro São Pedro”, afirma, dizendo que as investigações estão adiantadas, dependendo de ouvir somente mais algumas testemunhas, e acredita que o caso seja elucidado ainda nesta semana.

CASO SHIRLENO – Segundo a PC, o inquérito do assassinato de Shirleno Francisco Paulino, de 26 anos, que foi morto com tiros na cabeça em frente ao antigo colégio CCEM, em outubro de 2016, já foi concluído, faltando apenas ser feito o relatório final. Dois homens foram indiciados por homicídio qualificado, e segundo o delegado de Homicídios, um deles confessou o crime e delatou a participação do outro suspeito. Já o segundo indiciado negou as acusações, porém, Rangel Martino afirma que a versão do rapaz é “evasiva e não convincente”. “Ele não apresenta nem um álibi e nem um argumento plausível que leve a crer que não seja ele o autor do delito”, diz.

O crime aconteceu por volta das 7h30min do dia 5 de outubro. A vítima era moradora do bairro Santa Terezinha e estava indo para o trabalho, no bairro Safira, quando foi surpreendida e baleada à queima roupa na cabeça.

Rangel Martino conta que as investigações mostraram que a vítima, no passado, tinha se envolvido no tráfico de drogas e que, embora na época do crime ele não tivesse mais praticando a comercialização de drogas, a PC não descartou essa hipótese como causa da morte. “Em razão dessa prática no passado, ele teve desajustes com algumas pessoas. Uma delas, inclusive, ele chegou a agredir fisicamente, e em retaliação, o agredido manteve contato com comparsas e, no dia 5 de outubro, dois indivíduos o mataram com vários disparos de arma de fogo, todos eles efetuados pelas costas”, esclarece.

O delegado destacou que sua equipe iniciou os trabalhos logo após o homicídio, comparecendo, inclusive na cena do crime, e que ainda nos primeiros dias após o assassinato chegaram aos nomes dos dois indiciados e descobriu-se a real motivação do homicídio.

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