SIND-UTE Muriaé promove Conferência Regional da Zona da Mata para discutir assuntos da educação
O Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação de Minas Gerais (SIND-UTE), Subsede Muriaé, reuniu trabalhadores da educação para discutir assuntos atuais e considerados importantes da categoria, como a reforma do Ensino Médio e a PEC 241.
Realizado na última sexta-feira e no último sábado (28 e 29), o evento reuniu educadores das redes municipal e estadual de ensino da Zona da Mata mineira no Sesc. A conferência também comemorou o Dia do Professor (15 de outubro) e o Dia do Servidor Público (28 de outubro).
De acordo com a coordenadora-geral do SIND-UTE de Minas Gerais e presidente da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/Minas), Beatriz Cerqueira, que também ministrou uma palestra sobre a conjuntura geral e a conjuntura educacional, o objetivo das conferências regionais é mobilizar a categoria em torno dos temas que são pertinentes à educação. “Nesse momento estamos sofrendo fortes ataques no que se refere à educação pública. A PEC 241, que é a proposta de emenda à Constituição nº 241, foi aprovada em dois turnos na Câmara dos Deputados e agora vai para votação no Senado. Ela é o maior ataque e exemplifica bem o que podemos esperar no próximo período. Se essa PEC for aprovada, significa que nos próximos 20 anos não poderemos querer manutenção e construção de escolas, porque o orçamento da educação, assim como o da saúde e das outras áreas sociais, ficará congelado. É impensável que qualquer país que quer resolver seus problemas diminua investimentos em áreas tão essenciais”, explica.
As conferências regionais são preparatórias para a conferência estadual que o sindicato fará em Belo Horizonte entre 30 de novembro e 2 de dezembro.
A diretora estadual do SIND-UTE e integrante da diretoria do sindicato em Muriaé, Sandra Lúcia Couto Bittencourt, enfatiza que a PEC vai atingir não só educadores, mas toda a população. “Todo mundo está achando que a PEC 241 vai atingir apenas nós educadores. Não, ela vai atingir a população inteira, pois vai tirar direitos do povo, como saúde, educação, entre outros. Nessas conferências queremos discutir sobre a PEC para que o investimento no Brasil seja melhor”, afirma.
Em sua palestra, o diretor estadual do SIND-UTE/MG e professor de Filosofia da rede estadual em Ouro Preto, Fábio Garrido, falou sobre a reforma do Ensino Médio, posicionando-se contrário a essa mudança. Para ele, essa reforma vai impossibilitar que estudantes de escolas públicas consigam ser aprovados em vestibulares de universidades públicas, pois será oferecido a eles “um ensino técnico profissionalizante de baixíssima qualidade”. “Com essa reforma, os estudantes de escolas públicas provavelmente não vão conseguir ser aprovados em vestibulares de universidades públicas, porque o que se está impondo é uma reforma que vai oferecer aos jovens um ensino técnico profissionalizante de baixíssima qualidade e que não vai garantir a eles uma profissão que dê condições de futuro. O que se quer com a reforma é que os jovens se tornem mão de obra barata para o mercado e fiquem pulando de emprego”, considera. Ainda segundo Fábio, é preciso a união dos sindicatos e do movimento estudantil para se manter “o direito da educação como um direito universal”.
Complementando a palestra do professor Fábio, o também diretor estadual do SIND-UTE de Minas, polo em Viçosa e Ponte Nova, Paulo Grossi, abordou sobre a “escola sem partido”, o que, segundo ele, para os educadores, se consolida como uma prática da lei da mordaça. “É amordaçar, tirar do professor o direito de ensinar, a sua liberdade de cátedra, que é assegurada pelo artigo 206 da Constituição, que, não custa lembrar, é uma causa pétrea e, portanto, não pode ser removida, não pode sofrer emenda. Quando eu digo liberdade de ensinar, não quer dizer que o aluno deva pensar da forma como eu penso, mas que, a partir da provocação, ele também se sinta instigado a debater com o professor, e através dessa mediação se vai construindo os princípios da educação democrática, plural e mais ampla”, afirma.
A parte final da conferência foi marcada por um jantar de confraternização ao educador, quando aconteceu, também, homenagens a professores da cidade que trabalham pelo fortalecimento da organização dos trabalhadores.
MANIFESTO CONTRA A MINERAÇÃO – Na tarde de sábado (29), o distrito de Belisário foi palco da primeira mobilização contra a exploração de minério naquela região. Integrantes de sindicatos, pastorais, igreja católica, movimentos políticos e estudantis e população local fizeram uma passeata pela rua principal com faixas, cartazes e palavras de ordem reforçando a insatisfação para com a extração do minério de bauxita que pode vir a ser feita no distrito. Também estiveram presentes o vereador licenciado, Jair Abreu, o vereador suplente, Joel Abreu e o vereador eleito, Reginaldo Roriz.
O distrito está dentro de uma área de proteção ambiental, onde se encontram o Parque Municipal do Itajuru, a Área de Preservação Ambiental do Pontão (APA do Pontão), um dos principais picos do estado, o Pico do Itajuru, além de ser uma comunidade que está localizada no entorno do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro e formada por agricultores.
O frei Gilberto Teixeira, pároco da Paróquia Santo Antônio, de Belisário, frisa que a população de Belisário é contrária à exploração de minério na região. “Estamos preocupados com essa possibilidade de exploração do minério. Belisário é importante para toda a região de Muriaé, visto que aqui se produz muita água, além do potencial agrícola e turístico que pode ficar ameaçado pela exploração do minério. Com esta crise hídrica, a água e o meio ambiente precisam ser preservados”, salienta.
Ainda segundo o frei, apesar de não haver data oficial para esta exploração em Belisário acontecer (ainda estão acontecendo as negociações), a mobilização foi realizada antes para mostrar que a comunidade é contrária à extração de minério no local.
O professor Rogério Campos classifica a exploração de minério na região de Belisário como uma “irresponsabilidade”, devido aos recursos hídricos e a biodiversidade que o local possui. “Essa é uma grande irresponsabilidade. É uma pena que o governo não esteja do nosso lado. Se tivéssemos um bom planejamento a longo prazo, o governo estaria investindo muito mais em água do que em exportação de minério. Aqui se tem uma população muito simples, mas que conserva uma cultura riquíssima, uma biodiversidade inigualável, estrategicamente muito importante em recursos hídricos, mas que, infelizmente, o capital está acima de tudo isso. A população de Belisário se viu em meio de grandes interesses internacionais de exploração econômica”, considera.