AMLE faz homenagem póstuma ao escritor, político e ex-diplomata, José Alcino Bicalho

A viúva de José Alcino, Dona Zezé, com os membros da AMLE
A viúva de José Alcino, Dona Zezé, com os membros da AMLE

A Academia Muriaeense de Letras (AMLE) fez uma homenagem póstuma ao escritor, político e ex-diplomata, o ilustre miradourense José Alcino Bicalho, falecido aos 96 anos no dia 26 de julho deste ano, após sua luta contra o câncer. Através do Decreto nº 001/2016, o homenageado, que também era membro da AMLE, ocupando a Cadeira de nº 30, foi nomeado patrono da biblioteca da instituição.

A solenidade, denominada “Cerimônia de Cadeira Vazia”, aconteceu no sábado (29), na sede da academia, localizada na Avenida Eudóxia Canêdo, 2, Centro, contou com a presença dos acadêmicos que compõem a diretoria da ALME biênio 2015/2016, da viúva do homenageado, Dona Maria José Barreto Bicalho, a filha Ana Lúcia, genro, cunhado, sobrinhos e outros familiares. José Alcino também foi pai de Sílvia Helena, Márcia e Isabela.

A presidente da AMLE, Valéria Fernandes, afirma que a homenagem é uma forma de agradecer quem “muito valorizou e enriqueceu essa instituição”. “A presença de José Alcino permanecerá viva na memória de cada um de nós, em suas falas brilhantes, em sua preocupação de não extrapolar com suas considerações e no exemplo magnífico de homem e cidadão honrado e do mineiro que sempre propagou o valor das Minas Gerais além Brasil. Foi uma bênção e uma dádiva termos entre nós, acadêmicos, a presença de um colega tão ilustre e que tanto nos ensinou”, afirma.

Emocionada e agradecida, a viúva Dona Zezé se pronunciou em nome da família. Em seu discurso, ela disse que “Zé Alcino teve muitos títulos, mas a imortalidade foi a Academia Muriaeense de Letras que concedeu”.

Como a Cadeira de nº 30 está vaga pelo falecimento do seu titular, José Alcino, nos termos no Regimento Interno da AMLE, cumprindo a tradição desse assento entre os acadêmicos titulares, foi colocado a público a vacância da cadeira, para que os interessados indicados pelos acadêmicos concorram à vaga.

José Alcino Bicalho (Arquivo A NOTÍCIA)
José Alcino Bicalho (Arquivo A NOTÍCIA)

VIDA E OBRA DE JOSÉ ALCINO – Nascido em 9 de junho de 1920, em Santa Rita do Glória (atual Miradouro), José Alcino Bicalho foi diretor de grandes empresas, como a estatal Usiminas e do  Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge). Formado em Farmácia e Economia, José Alcino era um bibliófilo e poeta. Foi cônsul honorário do Marrocos e um dos grandes assessores e amigo do presidente Juscelino Kubitschek – o presidente JK e sua esposa Sara foram, inclusive, padrinhos de casamento de José Alcino, em cerimônia realizada na igreja da Candelária, no Rio de Janeiro.

Amante dos livros e colecionador desprendido, colocou seu acervo de obras raras à disposição do público por meio da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, em Belo Horizonte. O livro mais raro da biblioteca é o “Incunábulo”, publicado na Alemanha em 1493, um livro de acesso restrito e que também faz parte da coleção “José Alcino Bicalho”, composta por 320 obras das mais diversas áreas do conhecimento, como a coleção completa dos livros do poeta Victor Hugo e uma enciclopédia publicada na França, no século XVIII, entre tantos outros. Só há dois exemplares no Brasil do “Incunábulo”: o doado por José Alcino à biblioteca de BH e o da Biblioteca Nacional.

Como autor, José Alcino publicou o livro “Poesia a Destempo”, que apresenta uma seleção de poemas reunidos ao longo de sua vida.

Também foi o primeiro prefeito eleito com o voto popular em Miradouro – antes os prefeitos eram indicados. Foi eleito deputado estadual na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para a 2ª Legislatura (1951 – 1955), pelo PTN. Foi proprietário da Farmácia Popular de Miradouro, que funciona desde 1910 – hoje pertencente à família de Nico Andrade.

Quando José Alcino faleceu, ele residia em Muriaé e estava internado há cerca de dois meses na Casa de Saúde Santa Lúcia.

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