Na conquista da paz e da felicidade
Mesmo sob o peso inclemente das vicissitudes é possível conquista a paz e a felicidade
A sabedoria da vida consiste no conhecimento perfeito das Leis Divinas, bem como da prática das mesmas, a fim de superarmos as injunções adversas e os sofrimentos semeados ao longo do carreiro evolutivo…
Incontáveis criaturas estacionam nas quadras dos brilhos fátuos da ilusão, enviscadas em dores excruciantes, prolongando o estágio nos dolorosos patamares das expiações e dos resgates. Há que se aproveitar o abendiçoado ensejo de cada encarnação para progredir, passo a passo, na íngreme e áspera senda evolutiva. Não é sem motivo que Jesus nos alertou para as facilidades da “porta larga” e para as dificuldades da “porta estreita”, onde esta última raramente é encontrada, mas que é a única via de acesso aos páramos celestes.
Divaldo Franco conta uma bela e significativa lenda oriental que descreve com peregrina clareza o descuido do ser humano com seus propósitos espirituais dignificadores, quase sempre relegados a segundo plano, pois que são substituídos pelo “canto de sereia” das quimeras e ilusões. Embora não logrando repeti-la com as riquezas dos detalhes da exuberante narrativa do nobre tribuno baiano, seu conteúdo é mais ou menos o seguinte:
Numa região montanhosa do Oriente onde se espalham muitas grutas, cansada da viagem, uma mulher com sua criança ao colo para perto de uma daquelas furnas sombrias, de aspecto desagradável, a fim de descansar… De repente uma voz convida-a a penetrar o interior da gruta escura dizendo que lá ela encontraria muitas preciosidades que poderia carregar de uma só vez para fora e que lhe dariam uma vida tranquila. Mas, havia uma condição: tão logo ela saísse da gruta, uma porta cerraria para sempre a sua entrada.
Com algum receio, mas movida pela perspectiva de uma vida livre de sacrifícios, ela penetra a furna escura… À medida que aprofunda, uma luz, a princípio difusa, vai se tornando intensa, até que chega a um grande salão feericamente iluminado onde estavam à sua disposição incontáveis preciosidades: tecidos raros, brocados, pedras preciosas, ouro, prata, etc… Sem saber por onde começar, ela deixa seu filho comodamente assentado num aconchegante tapete persa e começa a ajuntar as peças preciosas. Após alguns instantes, embraçando um peso incrível de preciosidades, ela volta ao exterior e só aí se lembra que deixou seu filho para trás. Tenta voltar correndo para buscá-lo, mas uma porta fecha para sempre a entrada da gruta…”
Vejamos o sentido da lenda: o filho simboliza a encarnação perdida, a porta cerrada simboliza a morte e as joias o brilho das ilusões.
Na verdade, esta tem sido a nossa história nas reencarnações passadas e provavelmente ainda nesta, onde muitas vezes nos esfalfamos na busca das nonadas e ouropéis materiais em detrimento dos valores espirituais emancipadores.
Atentemos nesta página de Joanna de Ângelis intitulada: dor e bênção: (…) Não te consideres desventurado, porque o sofrimento te alcançou diminuindo a intensidade festiva da tua quadra de ilusões… Durante seu curso, recorda os momentos ditosos que passaram e torna menos ásperos estes que agora te visitam e, da mesma forma, amanhã estará mudada a paisagem aflitiva e te encontrarás mais bem aquinhoado, em razão da experiência que incorporarás às tuas conquistas.
Aprenderás a abençoar a saúde e a valorizar os bens da amizade, os dons do trabalho, prolongando as horas de bem-estar, cultivando pensamentos e atitudes positivos, que te favorecerão com energias e disposição para todos os embates que enfrentarás.
Compreenderás com mais facilidade os alheios padecimentos, tolerando as agressões e disparates de outros indivíduos mais atribulados do que tu, e sentir-te-ás mais humano e sensível aos problemas do próximo, tornando-te, naturalmente, solidário com todos aqueles que te busquem a ajuda ou a simples presença fraternal. Dilatarás a visão a respeito da vida e reflexionarás mais intensivamente sobre a transitoriedade do corpo e o caráter eterno do ser em si mesmo. Descobrirás o sentido dos acontecimentos, assimilando-lhes bem as propostas evolutivas, sem nadar contra a correnteza.
Os problemas, naturalmente, chegar-te-ão da mesma forma; no entanto, com esta experiência que proporciona sabedoria, poderás solucioná-los sofrendo menos aflições”, assim conquistando a paz e a felicidade mesmo sob o peso inclemente das vicissitudes de percurso e da canga somática