Pret@s de Fibra – Muriaé será pioneira da produção de lingerie especial para mulheres negras

A partir de uma ideia inovadora, Muriaé, cidade polo nacional da moda, será a sede da grife Pret@ de Fibra, uma linha pioneira, em toda a América Latina, na produção de lingerie exclusiva para mulheres negras. Os lançamentos do perfil no Instagram e da loja virtual acontecerão neste final de semana (13 e 14/08). A iniciativa é fruto de uma parceria entre a Professora Iris Amâncio, a analista internacional Alice Amâncio, a confecção de moda íntima Fruto Proibido e o Coletivo Preta SOU – Mulheres Negras de Muriaé.

A tag do produto já faz as devidas apresentações e mostra a que veio essa linha que promete marcar história dessa causa tão importante: “Este produto inovador, inclusivo e sustentável foi concebido e preparado com muito afeto, para corrigir um erro histórico e garantir que pessoas negras tenham suas peças íntimas conforme a sua natural diversidade de cor e tons de pele. Seja Antirracista!”

As peças podem ser adquiridas em pré-venda a partir de 15 de agosto no site www.pretadefibra.store e no instagram @pretadefibra. As peças à venda nesta primeira etapa serão calcinhas, soutiens, camisetes, shorts e longuetes (a antiga combinação), todas confeccionadas em microfibra de alta qualidade e certificação em sustentabilidade. Os produtos foram concebidos para mulheres negras (pretas e pardas), não apenas na perspectiva dos tons de pele, mas também com cuidado na anatomia do corpo negro. São formatos anatômicos de soutiens e calcinhas, que respeitam as diversidades quanto ao formato e à musculatura das mamas e do abdômen dessas mulheres. Todas as peças têm fundo preto 100% algodão, que remete à base negro-africana do projeto.

Idealizadora da coleção, Iris Amâncio explicou como nasceu a ideia: “Tudo surgiu de um desconforto pessoal, uma situação que me incomodava na adolescência e pré-adolescência e que tinha a ver com essas peças íntimas femininas. Eu gostava de usar blusas transparentes ou de alcinha, mas não conseguia um soutien da cor da minha pele; precisava comprar um da cor da roupa, para ficar combinando. E quando a minha filha se tornou pré-adolescente, a vi na mesma situação. Procuramos as peças em grandes centros e não encontramos. Isso afeta a nossa autoestima e os nossos direitos. Mostra, mais uma vez, o quanto o racismo é estrutural. Porque ele está tão naturalizado que ninguém percebe que não há lingerie para mulheres negras…”, explica.

A professora, então, enxergou a possibilidade de concretizar e desenvolver um projeto que resolvesse essa lacuna histórica, quando em 2017, retornou para Muriaé, sua terra natal e polo da moda. Ela acredita que a grife vá empoderar as meninas, jovens e senhoras negras, que até hoje não podem adquirir roupas íntimas conforme o seu pertencimento racial. Iris Amâncio conta que o nome da grife tem a perspectiva de integrar o propósito antirracista da confecção e o tecido utilizado. “Chegamos a essa expressão que remete à mulher negra, guerreira, de fibra, e ao tecido utilizado. Foi uma criação da minha filha Alice!”,  diz. A antiga parceria com o Sebrae-BH para o afroempreendedorismo e o apoio do Sebrae-Muriaé foram, também, de fundamental importância.

A coleção demorou mais de três anos para ficar pronta, em função da dificuldade para encontrar matéria-prima disponível no mercado, ou mesmo fabricantes de tecidos que produzissem os tons necessários para a confecção das peças. O Coletivo Preta SOU mobilizou uma campanha de financiamento coletivo nas redes sociais em 2021, o que possibilitou a aquisição das primeiras amostras de tecido. Quem conta essa história são as empresárias Solange Maria Montezano e Dolores Maria Montezano Francisco, irmãs e sócias da Fruto Proibido. “Conseguimos uma única fábrica no Brasil que aceitou desenvolver os tons no formato de amostra, para, a partir delas, desenvolvermos as primeiras produções. E nessa luta toda, conseguimos dois tons e, agora, mais dois”, dizem.

“A Iris fez uma pesquisa muito interessante sobre o uso de lingerie para mulheres pretas, e ficou tudo muito bem feito, conforme ela havia projetado. Foi tudo realizado com muito amor e muito trabalho, inclusive as pesquisas de linha e design. As peças contam a história das mulheres negras no Brasil e todos os seus tons de pele”, completam as irmãs.

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