Chorar, sim; deblaterar, jamais!
“Jesus chorou.” – Jo., 11:35
O choro é tão frequente na vida das criaturas quanto o riso… Nem mesmo Jesus escapou dessa ocorrência! As escrituras registraram por duas vezes, as Suas lágrimas: diante do sofrimento de Maria, irmã de Lázaro, e no Getsêmani momentos antes de Sua prisão. Choraram os apóstolos, a mãe de Jesus, Maria de Magdala; afinal quem nunca chorou?!
Quando a morte ceifa a vida de um ente querido, o choro é natural. A travessia do “Estige” na barca de Caronte, é sempre um momento grave e difícil tanto para quem vai como para os que ficam…
Espírita não chora? Claro que sim! Mas não deblatera… Ora, se a dor foi sagrada no Monte das Oliveiras e ante o testemunho do sofrimento de Maria, não existe motivo para segurar a emoção ante um fato grave…
Compulsando a Bíblia notaremos que o verbo “chorar” apresenta-se desde “Números” no Velho Testamento até ao “Apocalipse”, que encerra o Novo Testamento.
Afinal, estamos vivendo onde a vida ainda é assinalada “por choros e ranger de dentes.”
Chico Xavier sentiu-se mal quando faleceu um amigo seu de longa data!…
Divaldo Franco afirmou que se sentiria profundamente infeliz se ninguém chorar por ele, quando desencarnar, pois a ausência do choro seria a prova documental de que não logrou realizar o amor.
A guisa de dar o testemunho de crer na Imortalidade da Alma, não há por que sopitar as lágrimas ante a partida de um ente querido para a Pátria Espiritual.
Atentemos nas lúcidas e esclarecedoras palavras de Divaldo Franco: “as lágrimas de saudade são perfeitamente naturais, vez que é um sentimento que se exterioriza, denotando alegria ou tristeza, raiva, paixão, ansiedade ou medo. Até mesmo os animais choram…
É natural que as emoções se exteriorizem nas lágrimas. O que perturba, no entanto, àqueles que partem são: a revolta surda, o desespero aos brados, a imprecação do inconformismo, as expressões de fúria com ou sem lágrimas.
Os Espíritos nos dizem que as evocações afetuosas fazem-lhes bem, um grande bem. As blasfêmias, os desesperos e os desequilíbrios emocionais dos que ficam chegam-lhes como ácido, porque sentem-se responsáveis pela aflição dos seres queridos, sem que tenham responsabilidade nisso… Entre chorar um ente querido que parte, e deblaterar diante de alguém que desencarna, vai um grande pego”.